Blog do Mario Magalhaes

Vinicius Junior é punido duas vezes; Guerrero vira mais um bode expiatório

Mário Magalhães

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O rubro-negro Vinicius Junior, marcado no Fla-Flu – Foto UOL

 

O 2 a 2 no Fla-Flu só não foi mais frustrante para o Flamengo porque a igualdade foi alcançada quatro, cinco minutos depois dos 45 do segundo tempo.

Nenhum rubro-negro pode ficar satisfeito com o empate contra um time cujo elenco é muitíssimo mais barato do que o seu.

Não ficarei surpreso se a folha de pagamento do banco de reservas do Flamengo ontem for maior do que a de todos os titulares tricolores.

Com tanto investimento, até agora o ano foi pífio, com o revés supremo na Libertadores.

A ressaca da eliminação em Buenos Aires foi curada na vitória contra a Ponte Preta, 2 a 0 na na quarta-feira. Não serve mais como justificativa.

A maior deficiência da equipe é, já no meio do ano, não se apresentar arrumada. Costuma ser caótica. O maior problema é o arranjo coletivo. O que não ofusca os enganos individuais.

Zé Ricardo puniu ontem Vinicius Junior duas vezes. Primeiro, ao escalá-lo no lado do ataque, a direita, onde ele rende ou tem rendido menos. Vinicius tem 16 anos. Com todas as dificuldades naturais da idade, seu desafio aumenta, se ele é privado de atuar pela esquerda. A razão é priorizar Everton no setor onde vai melhor. Por que, então, Vinicius começa jogando?

Sim, ele pode ser bom também pela direita. Na semana passada, por ali, deu um passe para gol. No Maracanã, foi mal. Depois de obrigá-lo a ficar onde se sente menos à vontade, Zé Ricardo puniu-o pela segunda vez, retirando-o no intervalo. E já tem gente dizendo que Vinicius Junior não é tudo isso. A queimação começou.

Vinicius é destro. Há destros que jogam melhor pela direita ou pela esquerda. O destro Garrincha era extrema-direita. Mas o destro Muller, protagonista da próxima biografia de Anderson Olivieri, tornou-se mais perigoso quando Telê o transferiu para a esquerda. O destro Ribéry fica na esquerda. O canhoto Robben, na direita.

Cada um na sua, e a do Vinicius Junior é a esquerda. Outro castigo para o garoto foi ter jogado o tempo em que Márcio Araújo esteve em campo _o volante era quem avançava, com Cuéllar mais atrás! Com a entrada de Willian Arão para fazer dobradinha com o colombiano, a armação melhorou, mas aí Vinicius já tinha saído.

O adolescente preocupa os adversários. Abel contou depois da partida que perguntara a Mascarenhas, dois anos mais velho que o rubro-negro negociado com o Real Madrid, se já o tinha marcado. O tricolor disse que sim, e Abel desconfiou. Como, se Mascarenhas é lateral-esquerdo e, na base, Vinicius era ponta-esquerda? Aconteceu num jogo na Gávea, com Vinicius deslocado, e chocolate do Flamengo. ''Fodeu'', pensou Abel, que comentou: ''Esse garoto [Vinicius] é um diabinho''.

Pela direita, no entanto, assusta menos. Tem sido assim entre os profissionais.

Berrío entrou bem, mas continua com limitação crônica para acertar um cruzamento. Quando podia passar para Guerrero, sozinho, preferiu finalizar, e a defesa interceptou.

Dá dó a pobreza de criação no meio-campo do Flamengo. Sem opções, a fórmula é entregar a bola para Diego, luz na escuridão. Os oponentes sabem, concentram a marcação nele. Com a miséria criativa, a bola não chega redonda a Guerrero. O centroavante ontem a recebia de costas para o gol, com alguém fungando em seu cangote. Faz parte, é habitual, mas não pode ser só isso. Quando se desmarcou, Berrío não lhe passou. Guerrero tem de ser cobrado quando desperdiça gols. Se a bola não chega em condições favoráveis, colocar a culpa nele é criar mais um bode expiatório.

Não entendi por que Damião não entrou no segundo tempo. Ele pode não ser o atacante dos sonhos, mas foi bem no lugar de Guerrero na ausência recente deste. No desespero, podem jogar juntos. Emite-se uma mensagem ruim: você pode se superar, mas isso não valerá muita coisa, nem alguns minutos no Fla-Flu.

Os trintões Juan e Réver, a essa altura do campeonato, carecem da velocidade recomendável para marcar jovens rápidos como os do Fluminense. Querer comparar o Juan quase quarentão com o de anos atrás é descabido. Um dos dois zagueiros tem de ser veloz.

No segundo tempo, a equipe cresceu, sem Márcio Araújo. Será que ele permanecerá titular, diante da Chapecoense?

A despeito do futebol limitado que tem visto, a torcida gritou muito no Maracanã. O time honrou-a, lutando até o fim.

Luta é indispensável, mas não basta. O Flamengo precisa melhorar, para manter o sonho do título.

Dos próximos oito jogos, seis serão no Rio. Torcida não faltará.

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