Blog do Mario Magalhaes

Brasil 4 x 1 Uruguai: é hora de sonhar com o hexa na Rússia

Mário Magalhães

Paulinho chuta para marcar, no primeiro tempo, no Centenário – Foto Matilde Compodonico/AP

 

O sonho do hexa nasceu em Yokohama, na noite de 30 de junho de 2002. Mal o italiano Pierluigi Collina apitou o fim da decisão da Copa, e a seleção conquistou o penta com dois gols de Ronaldo, o futebol mais vitorioso da história já pensou no próximo desafio. Enquanto Cafu apresentava o Jardim Irene ao planeta, os brasileiros se apressavam a falar do Mundial seguinte.

O sonho do hexa frustrou-se em Frankfurt, em 2006, com um gol de Henry. Hibernou quando fomos estraçalhados quatro anos mais tarde, em Port Elizabeth, pelo Sneijder. Renasceu, e como, até os 7 a 1 no Mineirão que, tamanho o vexame, arrancaram mais gargalhadas do que lágrimas.

Com Dunga de técnico, foi difícil sonhar. Com Tite, não é mais. Os 4 a 1 aplicados hoje no Uruguai, a primeira derrota dos vizinhos no Centenário nestas Eliminatórias, comprovam o que já se insinuava: a seleção está jogando demais. Precisa evoluir. Por exemplo, na organização defensiva em bolas altas. Mas é muito competitiva.

Ninguém vive de esperar o sonho cair do céu. Sonho se constrói. É o que vem ocorrendo. O elenco canarinho é um dos melhores do mundo. Como no teatro, em que os atores crescem ao lado dos gigantes, no futebol os ótimos melhoram ainda mais com os craques. Paulinho, com três gols nesta noite, é um exemplo do ótimo ou muito bom que vai além. Em 2002, muita gente desconfiava de Kleberson, que acabou titular. Paulinho se afirma, contra os céticos. O melhor em campo.

A maior força do time é coletiva. É inegável, contudo, que o esplendor de Neymar tem sido decisivo. Em Montevidéu, ele arrancou com fome de gol e enfileirou adversários. Foi caçado, apanhou. Uruguaios levaram cartões amarelos ao bater nele. Que cobrou falta com perigo. E encobriu Martín Silva no terceiro gol.

O melhor jogador há muitíssimos anos é Messi. No momento, a bola de Neymar está mais redonda que a do gênio argentino. Ninguém joga tanto quanto ele. Mesmo quando não é goleador, atrai a marcação de muitos oponentes. Abre espaços, como no golaço de fora da área de Paulinho, que recebeu sozinho o passe de Neymar.

A matemática informa que o Brasil ainda não está na Copa da Rússia-2018.

Como é burra a matemática.

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