Blog do Mario Magalhaes

Em Monaco 3 x 1 Manchester City, futebol premiou quem atacou. No Chile, não

Mário Magalhães

Tiemoue Bakayoko, do Monaco, comemora o terceiro gol do seu time sobre o City

Tiemoué Bakayoko comemora o 3º e decisivo gol do Monaco – Foto Claude Paris/Associated Press

 

Pep Guardiola tinha dado o toque: depois da vitória em casa sobre o Monaco por 5 a 3, seu Manchester City teria que marcar em viagem para passar às quartas-de-final da Champions. Ele supunha que sofreria gols.

Pelo visto, os jogadores não lhe deram ouvidos. Entraram em campo afetados por soberba e passividade. Atônitos, levaram um banho no primeiro tempo.

Os amantes do futebol ofensivo foram premiados. O Monaco, que buscou o gol com sofreguidão, foi para o intervalo vencendo por 2 a 0. Era o que lhe bastava para se classificar.

Na volta, o cenário mudou, com o time do principado abrindo mão da avidez ofensiva para somente se defender, com esperança de contra-atacar mortalmente.

Os visitantes, ao contrário, jogaram-se à frente, honrando a pregação futebolística do seu técnico.

Ao partir para cima, diminuíram, com Sané. Mesmo em desvantagem, eliminariam o Monaco, se permanecesse o 2 a 1.

No estádio Louis II, as câmaras testemunharam o apelo alucinado de Guardiola para que a equipe mantivesse o sufoco, em vez de se fechar para, perdão pelo clichê, garantir o resultado.

Não manteve, porque a gurizada do Monaco não deixou. Foi buscar o gol salvador.

Novamente, os deuses da bola abençoaram quem procurou atacar. Fabinho, jogando muito, e seus companheiros aumentaram para 3 a 1 e sacramentaram a primeira eliminação do treinador catalão antes de uma semifinal da principal competição europeia. Era a oitava participação de Guardiola.

A ideologia guardiolista não foi derrotada na partida assistida pelo filho da Grace Kelly, o príncipe Albert II.

O Monaco cultiva o jogo para a frente, inflamado. Não costuma adotar a retranca.

O melhor, para quem aprecia a estética do jogo ofensivo, é que se deu bem quem quis atacar.

O Monaco soube aproveitar melhor sua magnífica primeira etapa.

O City, ao contrário, não transformou em gols a supremacia na segunda. Agüero lutou, incomodou, mas desperdiçou chances. De Bruyne e _principalmente_ Sterling foram mal. Com Fernandinho de titular, o clube inglês ganhou em agilidade, mas perdeu o grande pensador-organizador, o maestro Yaya Touré.

Mesmo sem Falcao no ataque, o Monaco foi letal. Fabinho está bem demais. Tem 23 anos. Quando voltará à seleção?

Em Buenos Aires, ao contrário do que aconteceu na Europa, quem medrou não foi punido.

No começo, o Atlético-PR não se intimidou com o San Lorenzo e anotou o gol que seria o único da partida da Libertadores.

O time é muito bem armado por Paulo Autuori. O problema é a tentação, à revelia do treinador, de recuar demais quando o placar lhe favorece.

Já havia sido assim na estreia em casa, quando permitiu após os 40 minutos do segundo tempo os dois gols da Universidad Catolica que selaram o empate.

Ontem, acumulou oportunidades, não as converteu e foi bombardeado pelo _mais um lugar-comum_ clube do papa, que até pênalti errou.

Quando atacou, o Furacão aproveitou.

Quando o San Lorenzo ousou, não foi feliz.

Para o Flamengo, o futebol ofensivo não resultou em triunfo.

O rubro jogou bem em Santiago, a despeito do revés de 1 a 0 para a Universidad Catolica.

Acertou duas vezes a bola na trave, construiu outras chances.

Perdeu ao vacilar numa bola alta, que Santiago Silva cabeceou.

O Flamengo controlou o jogo.

O lamentável é perdoar o adversário tantas vezes.

Ainda que Zé Ricardo tenha escalado três volantes, não apostou em ferrolho.

A pior coisa que poderia acontecer agora seria um balanço de que está tudo errado. Não está. A atuação foi boa.

Infelizmente, nem sempre o futebol premia quem, sem desprezar o equilíbrio do time, prioriza o ataque.

Na quarta-feira, depois de muito tempo, consegui ver três jogos inteiros.

Na torcida, perdi dois, com o Flamengo e o City, e ganhei um, com o Atlético.

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