Em Monaco 3 x 1 Manchester City, futebol premiou quem atacou. No Chile, não
Mário Magalhães
Pep Guardiola tinha dado o toque: depois da vitória em casa sobre o Monaco por 5 a 3, seu Manchester City teria que marcar em viagem para passar às quartas-de-final da Champions. Ele supunha que sofreria gols.
Pelo visto, os jogadores não lhe deram ouvidos. Entraram em campo afetados por soberba e passividade. Atônitos, levaram um banho no primeiro tempo.
Os amantes do futebol ofensivo foram premiados. O Monaco, que buscou o gol com sofreguidão, foi para o intervalo vencendo por 2 a 0. Era o que lhe bastava para se classificar.
Na volta, o cenário mudou, com o time do principado abrindo mão da avidez ofensiva para somente se defender, com esperança de contra-atacar mortalmente.
Os visitantes, ao contrário, jogaram-se à frente, honrando a pregação futebolística do seu técnico.
Ao partir para cima, diminuíram, com Sané. Mesmo em desvantagem, eliminariam o Monaco, se permanecesse o 2 a 1.
No estádio Louis II, as câmaras testemunharam o apelo alucinado de Guardiola para que a equipe mantivesse o sufoco, em vez de se fechar para, perdão pelo clichê, garantir o resultado.
Não manteve, porque a gurizada do Monaco não deixou. Foi buscar o gol salvador.
Novamente, os deuses da bola abençoaram quem procurou atacar. Fabinho, jogando muito, e seus companheiros aumentaram para 3 a 1 e sacramentaram a primeira eliminação do treinador catalão antes de uma semifinal da principal competição europeia. Era a oitava participação de Guardiola.
A ideologia guardiolista não foi derrotada na partida assistida pelo filho da Grace Kelly, o príncipe Albert II.
O Monaco cultiva o jogo para a frente, inflamado. Não costuma adotar a retranca.
O melhor, para quem aprecia a estética do jogo ofensivo, é que se deu bem quem quis atacar.
O Monaco soube aproveitar melhor sua magnífica primeira etapa.
O City, ao contrário, não transformou em gols a supremacia na segunda. Agüero lutou, incomodou, mas desperdiçou chances. De Bruyne e _principalmente_ Sterling foram mal. Com Fernandinho de titular, o clube inglês ganhou em agilidade, mas perdeu o grande pensador-organizador, o maestro Yaya Touré.
Mesmo sem Falcao no ataque, o Monaco foi letal. Fabinho está bem demais. Tem 23 anos. Quando voltará à seleção?
Em Buenos Aires, ao contrário do que aconteceu na Europa, quem medrou não foi punido.
No começo, o Atlético-PR não se intimidou com o San Lorenzo e anotou o gol que seria o único da partida da Libertadores.
O time é muito bem armado por Paulo Autuori. O problema é a tentação, à revelia do treinador, de recuar demais quando o placar lhe favorece.
Já havia sido assim na estreia em casa, quando permitiu após os 40 minutos do segundo tempo os dois gols da Universidad Catolica que selaram o empate.
Ontem, acumulou oportunidades, não as converteu e foi bombardeado pelo _mais um lugar-comum_ clube do papa, que até pênalti errou.
Quando atacou, o Furacão aproveitou.
Quando o San Lorenzo ousou, não foi feliz.
Para o Flamengo, o futebol ofensivo não resultou em triunfo.
O rubro jogou bem em Santiago, a despeito do revés de 1 a 0 para a Universidad Catolica.
Acertou duas vezes a bola na trave, construiu outras chances.
Perdeu ao vacilar numa bola alta, que Santiago Silva cabeceou.
O Flamengo controlou o jogo.
O lamentável é perdoar o adversário tantas vezes.
Ainda que Zé Ricardo tenha escalado três volantes, não apostou em ferrolho.
A pior coisa que poderia acontecer agora seria um balanço de que está tudo errado. Não está. A atuação foi boa.
Infelizmente, nem sempre o futebol premia quem, sem desprezar o equilíbrio do time, prioriza o ataque.
Na quarta-feira, depois de muito tempo, consegui ver três jogos inteiros.
Na torcida, perdi dois, com o Flamengo e o City, e ganhei um, com o Atlético.