Blog do Mario Magalhaes

Tratar ideias de Temer como gafes suaviza preconceito, machismo e atraso

Mário Magalhães

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Michel Temer: não é gafe, mas convicção – Foto Pedro Ladeira/Folhapress

 

Gafe, ensina o ''Houaiss'', significa ''ato e/ou palavra impensada, indiscreta, desastrada; indiscrição involuntária''.

Quem disse que as declarações de Michel Temer no Dia Internacional da Mulher foram impensadas ou indiscretas?

Indiscrições involuntárias? Fala sério.

Talvez tenham sido desastradas, mas esse é o aspecto menos relevante da pregação presidencial.

O discurso se concentrou no papel da mulher ''na casa'', ''no lar'', na criação dos filhos, no monitoramento dos ''preços em supermercados''. Caberia a elas ''cuidar dos afazeres domésticos''. E por aí afora.

Não é gafe, mas convicção.

Gafe, no duro, é um prefeito comparecer à festa de aniversário de um clube de futebol e rememorar com deleite seus tempos de torcedor organizado do rival supremo da agremiação anfitriã do convescote.

Gafe é lamber um chicabom em reunião dos vigilantes do peso.

Ou levar a mulher para assistir a ''Quatro casamentos e um funeral'' dias depois de o pai dela morrer (esse episódio aconteceu de verdade).

Qualificar as palavras de Temer como gafe é suavizar o preconceito que elas expressam.

É condescender com o machismo.

É transigir com o atraso.

Porque a cabeça do presidente não está no século 20.

Ela é pré-fim do século 19.

Não há gafe, e sim princípios.

Ou não foi Michel Temer quem montou seu ministério original sem uma só mulher?

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