Blog do Mario Magalhaes

Quando o futebol se confunde com a vida

Mário Magalhães

Britain Football Soccer - Manchester City v AS Monaco - UEFA Champions League Round of 16 First Leg - Etihad Stadium, Manchester, England - 21/2/17 Manchester City's Leroy Sane celebrates scoring their fifth goal with team mates Action Images via Reuters / Lee Smith Livepic ORG XMIT: UKZUzE

Jogadores do Manchester City comemoram um gol contra o Monaco – Foto Lee Smith/Reuters

 

Não tá morto quem peleia, costumam proclamar os gaudérios.

Assim como quem está vivo pode deixar de estar.

Vida e morte, triunfo e fracasso, isso é a existência. E o futebol.

Os 5 a 3 do Manchester City sobre o Monaco foram uma representação da vida, que por sua vez é o exercício cotidiano de sentimentos e conflitos também comuns ao futebol.

Num só jogo, foram tantas as viradas pessoais que, como numa encenação de teatro, elas se sobrepuseram às reviravoltas no placar que alternou vantagem para uma ou outra equipe.

Caballero, o goleiro da casa, errou um passe na saída de bola, oferecendo o primeiro gol aos visitantes de futebol envolvente e venenoso.

Mas depois o arqueiro de fina estampa defendeu o pênalti cobrado pelo atacante Falcao.

O Falcao que perdeu o pênalti e contribuiu para um contra-ataque fatal do City anotou dois gols. Um deles deslumbrante, encobrindo Caballero.

Falcao foi herói ou vilão? Os dois.

O zagueiro Stones, do time de Guardiola, ia sendo vilão. Falhou, ao menos em posicionamento, no mínimo em três gols.

Quando vigorava a igualdade em 3 a 3, Stones desempatou. O herói improvável, num gol catártico que fez tremer o Etihad Stadium.

A mesma volta por cima deu Agüero, atacante que irritava por desperdiçar oportunidades de gol e jogadas promissoras. Cara a cara com o goleiro Subasic, preferiu cavar um pênalti, em vez de concluir. Tendo ou não sido pênalti, que o apitador não assinalou, jogou fora a chance.

Mais à frente, Agüero marcou duas vezes.

O final não foi feliz para todos, é evidente. Subasic, que brilhava, engoliu um frango num chutinho meia-boca de Agüero.

É sedutora a ideologia ofensiva de Pep Guardiola e Leonardo Jardim.

Mas diante da saga de cada jogador, do épico em pouco mais de 90 minutos, táticas e estratégias permanecem no fundo do palco.

O proscênio é dos boleiros, da vida e da luta que cada um vive em campo.

Dizem que o futebol é simulacro da vida.

Cada vez mais eu acho que a vida é simulacro do futebol.

Jogos como o de ontem, pela Champions, não embelezam apenas o futebol.

Embelezam a vida.

(O blog está no Facebook e no Twitter )