Os 3,7% pró-Temer presidente expressam a rejeição às ‘reformas’ e armações
Mário Magalhães
Ninguém aparece tão mal quanto Michel Temer na pesquisa sobre a eleição presidencial de 2018 encomendada à MDA pela Confederação Nacional dos Transportes e divulgada nesta semana.
Luiz Inácio Lula da Silva lidera com sobras em todos os cenários do primeiro e do segundo turnos. Concorrendo com candidatos manjados, como ele, tem 30,5% da intenção de voto. Seguem-no Marina Silva (11,8%), Jair Bolsonaro (11,3%), Aécio Neves (10,1%) e Ciro Gomes (5%). Como a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, Marina, Bolsonaro e Aécio se igualam em segundo lugar.
Em segundo turno, o ex-presidente superaria a ex-senadora por 38,9% a 27,4%.
Também venceria Aécio Neves, 39,7% a 27,5%.
Como se saiu Temer, favorecido por adulação e vassalagem cotidianas?
Amargou a lanterninha. No cotejo com Lula, Marina, Bolsonaro e Aécio, colheu humilhantes 3,7%.
Seria o antagonista mais fraco, quase café com leite, para Lula em mata-mata derradeiro: 42,9% para o petista e 19% para o peemedebista.
Em quatro meses, a aprovação ao governo Temer caiu de 14,6% para 10,3%.
É ilusão supor que a ridícula disposição de voto em Temer decorra somente dos seus modos afetados, que uns supõem charmosos e a muitos incomodam como expressão de pedantismo.
É claro que contribui a condição de presidente ilegítimo, que ocupou o lugar da presidente eleita nas urnas e contra a qual não recaem acusações de roubalheira _a despeito do desastroso segundo mandato de Dilma Rousseff.
A aversão a Temer é agravada pela proposta de mudança na Previdência. Ninguém de bom senso rejeita reformar o sistema previdenciário. O problema é que a agenda do governo tira demais dos assalariados e dos mais pobres num país de desigualdade pornográfica.
Como acontece com a dita reforma trabalhista, que protege os patrões e sacrifica a maioria dos trabalhadores.
Por maior que seja a tentativa de lavagem cerebral, alardeando os ''bons números'' da economia, as estatísticas que ressaltam são as do regresso de milhões à pobreza, do ingresso de milhões no time dos desempregados, do arrocho impiedoso (os tais ''ajustes'') que maltrata a saúde e a educação.
Não é secundário o empenho bandeiroso de Temer e sua turma para assegurar a impunidade dos investigados pela operação Lava Jato. Foi para ''estancar essa sangria'', nos termos da Lei Jucá, que transferiram o vice para o Planalto.
As ''reformas'' contra quem menos tem e as armações para salvar ladrões de dinheiro público deram nisso: nem quatro em cada cem eleitores sufragariam hoje o nome do presidente Michel Temer para… presidente.