Blog do Mario Magalhaes

Espetáculos: o doc da decolagem dos Beatles, ‘La La Land’ e Gabriel Jesus

Mário Magalhães

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O primeiro gol de Gabriel Jesus no domingo – Foto reprodução ESPN

 

A certa altura do documentário Eight Days a Week, alguém quantifica a criação abundante de dois gênios da música, Mozart e Schubert. Compara-a à de John Lennon e Paul McCartney, também centenas de composições. Poderia ter emendado a bola que levantou: os Beatles foram como juntar Mozart e Schubert, ou Chopin e Bach. Dois compositores geniais, ao lado de outro brilhante, George Harrison. Mais um baterista carismático, Ringo Starr, que tirou a sorte grande ao completar o quarteto.

O filme dirigido por Ron Howard reconstitui a história de apresentações públicas dos Beatles, de 1962 a 1966, quando eles desistiram dos shows _com exceção de um em 1969, no alto de um prédio. O doc é careta e espetacular. Não apresenta uma única ousadia estética. Empolga pelas imagens das turnês, nos palcos e fora deles.

É sabido que os garotos de Liverpool não tinham entusiasmo maior por futebol. A torcida dos reds pouco ligou. Em 1964, cantou She Loves You, sucesso dos Beatles que renderia no Brasil o nome iê-iê-iê para o rock'n'roll. O coro no estádio é de arrepiar _os surtos das fãs nos concertos mundo afora são mera curiosidade antropológica. O filme não diz, mas o hit foi entoado em Anfield num sábado em que os donos da casa humilharam o Arsenal com um chocolate de 5 a 0.

Enquanto Eight Days a Week narra a decolagem dos Beatles, o musical La La Land conta a batalha de uma atriz e um pianista de jazz para alçarem voo em Hollywood. É ficção, porém com perrengues recorrentes para quem busca um lugar ao sol na Califórnia. O pianista Sebastian, grande interpretação de Ryan Gosling, é um personagem que aparenta não ter ideia do que são samba e tapas, mas isso entenderá quem assistir ao filme de Damien Chazelle. Emma Stone, fabulosa como a atriz Mia, oferece uma sequência para a antologia dos musicais _interpretando I Dreamed a Dream, em Os Miseráveis, Anne Hathaway faturou o Oscar de atriz coadjuvante. A ex-namorada do Homem Aranha emociona cantando sobre sonhos num teste para papel no cinema.

Sonhos que, para Gabriel Jesus, vão se tornando realidade na Inglaterra. A torcida do Manchester City já canta para ele, cujos gols parecem obra de bailarino. No primeiro de ontem, nos 2 a 1 contra o Swansea, o atacante chutou de frente para o gol com os dois pés no ar, como numa coreografia demoradamente ensaiada. No segundo, o movimento de sua cabeçada é plástico, harmônico, daqueles de repetir em câmara lenta sem cansar _Gabriel cabeceou em cima do goleiro, que soltou, para o brasileiro marcar.

Um fim de semana com os Beatles, La La Land e Gabriel Jesus _eis um bom antídoto para tempos bicudos.

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