Blog do Mario Magalhaes

A marotagem do caixa 2

Mário Magalhães

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Caixa 2: rola em dólar, real, euro… – Foto Zia Mazhar/AP

 

Persiste a marotagem que pretende relativizar moralmente e judicialmente o caixa 2 de políticos, sobretudo em campanhas eleitorais.

A ideia difundida é a seguinte: não se poderia igualar ''recurso não contabilizado'' à roubalheira quimicamente pura.

Talvez a diferença faça sentido para quem recebe.

Mas não para os cidadãos.

Porque, para os brasileiros prejudicados pela não construção de um hospital ou uma escola, é indiferente o destino do dinheiro desviado.

Parte-se, aqui, do princípio de que inexiste almoço grátis.

Uma empresa com contratos com o Estado (União, Estados, prefeituras) que paga por fora a políticos pressupõe retorno _é esse também o propósito da ''contribuição'' por dentro, agora proibida, mas que certa turma esperta quer reabilitar.

O que é entregue por baixo do pano _para o caixa 2 de campanha ou a compra de uma mansão_ é compensado por contratos superfaturados.

Subtraem verbas públicas para corromper os administradores corruptos mancomunados com companhias privadas.

Em números: do R$ 1,2 bilhão gasto pelo Estado do Rio na reconstrução do Maracanã, R$ 60 milhões (5%) teriam sido propina para o governador e outros.

A obra, portanto, poderia ter custado no mínimo R$ 60 milhões a menos, sem afetar em um centavo o lucro das empreiteiras, a Odebrecht incluída.

Esses R$ 60 milhões faltam agora para manter restaurantes populares e bibliotecas estaduais.

A maior desgraça do Brasil é a desigualdade.

A corrupção joga a favor da ampliação e manutenção da desigualdade.

Mesmo que na letra da lei o caixa 2 não equivalha à gatunagem mais vulgar, em ambos os casos os mais afetados são as pessoas mais pobres.

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