Blog do Mario Magalhaes

Hipocrisia & oportunismo: atitude perante Renan varia conforme ocasião

Mário Magalhães

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Crítica e silêncio: Renan Calheiros deita, rola e ri – Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

Deputado federal aos 27 anos, Renan Calheiros, 61, alcançou o proscênio político antes dos 35, como um dos condestáveis de Fernando Collor de Mello, da candidatura presidencial ao princípio do governo.

Como collorido, era criticado pela coalizão que apoiou Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de 1989. E elogiado, ou beneficiado pelo silêncio, pelo consórcio que bancou o candidato vitorioso. Isto é, o grosso do empresariado mais graúdo. Não podem dizer que, para além da marquetagem vulgar, ignoravam a natureza de Collor. Durante a campanha, a repórter Elvira Lobato expôs na ''Folha de S. Paulo'' os métodos e valores do dito caçador de marajás. Quem quis leu, e quem leu e quis entender entendeu.

No finzinho da década de 1990, na condição de ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso, Renan continuou a ser malhado pelos petistas derrotados na primeira eleição pós-ditadura. Peemedebistas, tucanos e chaleiristas de toda espécie o cobriam de lisonja.

Os petistas mudaram o tratamento quando, no Senado, Renan integrou-se ao aparato político e administrativo das gestões Lula e Dilma Rousseff. Tucanos e demais opositores, também trocando de lado, passaram a avacalhá-lo como antes faziam os petistas.

No segundo mandato de Dilma, o deputado Eduardo Cunha conspirou pelo impeachment, ao qual Renan se opôs por certo tempo. O chefão do Senado apanhava dos partidários da deposição da presidente. Os contrários lhe ofereciam deferência, estima, aplausos e, é evidente, cargos.

No instante em que Renan aderiu ao Fora, Dilma, quem o vaiava o saudou e quem o enaltecia o apupou.

Nessas viradas de ocasião, os mesmos que espinafraram a decisão do Supremo Tribunal Federal, assegurando anteontem Renan na presidência do Senado, agora se aliam sem pudores a ele para impor o pacote que asfixia despesas e investimentos em saúde e educação.

Entre os que hoje maldizem Renan estão os petistas que, também sem vergonha, prestigiaram-no enquanto o senador respaldou Dilma.

O comportamento tortuoso perante Renan Calheiros em quase três décadas contrasta com algo que não mudou: ele permanece o que era ao surgir como irmão camarada de Collor.

Renan não piorou.

Nem melhorou.

Outras coisas que se mantêm: o oportunismo e a hipocrisia de tanta gente que prega hoje o que recusava ontem, oscilando de acordo com seus interesses.

Política é assim mesmo, alguém dirá.

Pior para o Brasil.

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