Blog do Mario Magalhaes

Do PMDB ao PT, do PDT ao PCdoB, muitos se uniram a Cabral, que apoiou Aécio

Mário Magalhães

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Sérgio Cabral não chegou lá nem ficou lá sozinho – Foto Antônio Cruz/Agência Brasil

 

À ruína de Sérgio Cabral sobreveio a repreensão impiedosa, o esculacho desinibido, a espinafração flertando com o sadismo.

E descobriu-se uma regra, esta também sujeita a exceções: quanto maior a adulação ao ex-governador em seus tempos de poder, mais inclemente a escovada quando prevalece o infortúnio de Cabral.

Não que ele não mereça o encontro com a justiça e a Justiça. Merece, e muito, põe muito nisso.

Sua desgraça, contudo, não autoriza o farisaísmo de quem o cortejou sem pudor e agora banca o justiceiro intimorato.

Em 2006, concorrendo ao Palácio Guanabara (e ao Laranjeiras) pelo PMDB, o candidato Sérgio Cabral Filho contou com a coligação coadjuvada por PTB, PP, PSC e PL.

Em 2010, ela se expandiu, alcançando 16 agremiações, como PT, PDT, PP, PSB, PSC e PC do B.

Cabral não chegou lá sozinho, mas carregado por braços incontáveis.

Inclusive, ou sobretudo, de eleitores que se fiaram nele e em seus parceiros.

Reelegeu-se em primeiro turno com 66% dos votos válidos, ou dois em cada três sufrágios.

Não governou sozinho. O PT, para ficar num exemplo, escalou secretários de Estado, nas duas gestões.

O PSDB não integrou as alianças de Cabral, ex-filiado ao partido, o que não impediu o governador de manter os velhos vínculos: em 2014, apoiou o tucano Aécio Neves, e não a antiga aliada Dilma Rousseff, para a Presidência.

Muitíssimos batem agora em Cabral com o punch do Mike Tyson do começo da carreira.

Podem até alegar que ignoravam as estripulias do governador, mas deveriam ao menos pedir desculpas pelo endosso no passado que fingem esquecer.

Até o Pedro Bó, o tolo que deixou a TV, mas com quem ainda cruzamos no cotidiano, sabia ou desconfiava das armações cabralinas.

O jornalismo não fez melhor.

O espírito crítico, que enfim despertou, não apaga episódios sintetizados numa capa da revista de ''O Globo'' estampando a foto de Sérgio Cabral com o título propagandístico ''O namoradinho do Rio''.

Cabral não se limitou a fazer o que fez debaixo dos panos.

Ostentou a promiscuidade vulgar com negocistas graúdos, a face exposta do que os investigadores sustentam ser sociedade criminosa.

Poucos políticos brasileiros foram tão bajulados nas últimas décadas quanto Sérgio Cabral.

Até outro dia, eram comuns no Rio gabolas que se referiam ao ex-governador como ''o Sérgio'', excluindo o sobrenome.

Os áulicos de então se transformaram nos mais cruéis acusadores. Professorais, desatam a dar lições sobre corrupção e roubalheira.

Se hipocrisia fosse crime, muita gente faria companhia a Sérgio Cabral em Bangu 8.

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