Blog do Mario Magalhaes

Governo do RJ parece sentir saudade das Jornadas de Junho de 2013

Mário Magalhães

Multidão protesta em junho de 2013, em frente ao Teatro Municipal do Rio – Foto do blog

 

É tamanha a truculência das medidas de arrocho anunciadas pelo governo do Estado do Rio que batizá-las como ''pacote de maldades'' constitui eufemismo.

Pacote é, mas de perversidades. É perverso porque, embora atinja todos os cidadãos, fere muito mais os mais frágeis.

Numa das nações mais desiguais  do planeta, o plano dos governadores Luiz Fernando Pezão e Francisco Dornelles, em vez de proteger os mais pobres, castiga-os covardemente.

O signo do pacote é a covardia.

O servidor que ganha dezenas de milhares de reais por mês passará a recolher 30% de contribuição previdenciária, em vez de 11%. Uma tunga escancarada nos salários. Os aposentados que recebem menos ou bem menos de R$ 5.189,82, e hoje não precisam contribuir com a previdência, também passarão a ter retidos 30% do contracheque. É evidente que para estes a garfada será muito maior. Amplia-se a desigualdade.

É desumano, num Estado marcado por roubalheira denunciada em pormenores por antigos executivos de empreiteiras, extinguir o programa dos restaurantes populares.

O Aluguel Social é limitado. Em vez de ampliá-lo e aprimorá-lo, os herdeiros de Sérgio Cabral pretendem terminar com ele.

O programa Renda Melhor, para famílias na pobreza extrema, também acabará, se a Assembleia Legislativa aprovar o projeto Pezão-Dornelles.

O aumento do Bilhete Único e as restrições ao seu uso são outros atos impiedosos.

Quem construiu o caos foram os governantes do Estado do Rio que agora apresentam a conta aos cidadãos de menor renda, aos quais chegam poucos direitos da cidadania.

Em 2013, multidões tomaram as ruas do Rio contra o aumento de 20 centavos da passagem de ônibus.

Quer dizer, esse foi o estopim. Nas Jornadas de Junho, as bandeiras tremularam contra tudo e contra todos. O protesto não foi só por 20 centavos.

O furor do pacote de perversidades é tal que o governo do Estado parece sentir saudade de 2013.

Talvez aposte no entorpecimento de cariocas e fluminenses.

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