Blog do Mario Magalhaes

Crivella passa de favorito a franco favorito, mas o jogo ainda não acabou

Mário Magalhães

blog - datafolha 25.out.2016

Pesquisa Datafolha concluída ontem – Reprodução ''Folha de S. Paulo''

 

O senador Marcelo Crivella passou de favorito a franco favorito para se tornar o próximo prefeito do Rio.

É o que mostra pesquisa Datafolha concluída ontem. O candidato do PRB alcança 46% do total de votos, contra 27% do deputado Marcelo Freixo, do PSOL.

Em votos válidos, desprezando brancos, nulos e indecisos, a vantagem é de 63% a 37%.

Tão importante quanto os números expressivos obtidos pelo bispo (licenciado) da Igreja Universal do Reino de Deus é a constatação de que ao menos até agora as revelações sobre seu passado e suas ideias veiculadas nos últimos dias pouco o afetaram.

No total de sufrágios, Crivella não chegou a cair, na comparação com o levantamento de onze dias antes. Oscilou dois pontos para baixo, sem romper a margem de erro (três pontos).

A resiliência de Crivella indica, no mínimo por enquanto, decisão consolidada de seus eleitores. Ele praticamente repete o desempenho no Datafolha da primeira semana de campanha do segundo turno.

Os entrevistados que responderam que pretendem votar branco ou nulo são 19%. Os que escolheram um dos dois postulantes, 73%.

De todos esses eleitores (os demais 8% são indecisos), 88% declaram estar totalmente decididos, o que reforça o vigor de Crivella.

O Datafolha reafirma exatamente o resultado do Instituto Paraná Pesquisas divulgado anteontem. Como escrito no blog, se Datafolha e Ibope (previsto para amanhã) confirmassem os números da segunda-feira, dificilmente o senador perderia no domingo.

Dificilmente perderá, embora eleição, como o programa do Chacrinha, só acabe quando termina.

A esperança de Freixo é a curva tímida que sugere diminuição da diferença se acelerar até o fim de semana.

Seu desafio já era complicado. No primeiro turno, Freixo colheu 18% dos votos válidos. Seu concorrente, 28%.

Com declaração de voto ou não, Crivella é apoiado pelos candidatos derrotados Flávio Bolsonaro (14%), Indio da Costa (9%) e Carlos Roberto Osório (9%). Parcela significativa da base do PMDB de Pedro Paulo (16%) fechou com o senador, o predileto de nove entre cada dez empresários de peso do Rio.

O eleitorado evangélico tem manifestado ao Datafolha preferir Crivella na média de nove eleitores a um.

Entre os mais pobres, com renda familiar até dois salários mínimos, o postulante do PRB supera o do PSOL por três votos a um. É provável que nesse segmento o impacto do voto evangélico seja grande.

Entre outros erros, Freixo paga por ter perdido quase metade da campanha do segundo turno pregando para convertidos, em vez de tentar dialogar com quem antes não o sufragou. A virada na campanha pode ter sido tardia. Seu maior trunfo são os eleitores mais jovens, entre os quais ele lidera no Datafolha.

A radicalização de Crivella no segundo turno continua a ser uma aposta arriscada, embora bem sucedida até aqui.

Ao abrir guerra contra o Grupo Globo, que publicou notícias que o contrariaram, o senador preparou o ambiente para não comparecer a sabatinas e entrevistas.

Seus piores momentos na campanha aconteceram quando ele foi contestado por entrevistadores ou debatedores.

Se não houver surpresa, o prefeito que entregará a chave da cidade ao Rei Momo no Carnaval de 2017 será Marcelo Crivella.

Reiterando: se não houver surpresa.

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