Radicalização de Crivella não combina com pesquisa do Instituto Paraná
Mário Magalhães
Em matéria de comportamento e imagem, a grande novidade da campanha do segundo turno no Rio é a agressividade de Marcelo Crivella.
O candidato do PRB a prefeito trocou o mantra ''vou cuidar das pessoas'' pela virulência verbal não somente contra o adversário do PSOL, Marcelo Freixo, mas contra tudo e contra todos.
Em meio a menções bíblicas, dispara desqualificações como ''vagabundo'', ''pateta'' e ''patife''.
Seis dias atrás, ao diagnosticar a mudança de atitude do senador, o blog anotou: ''Há um mistério: por que o candidato que beira os 70% de intenção de votos válidos pega mais pesado no ringue, ou debate, do que o oponente que mal passa dos 30%?''
O mistério logo foi desfeito, quando o Ibope informou que o índice de Crivella caíra para 61%.
Nesta semana final, ele pega ainda mais pesado. É uma evidente reação contra as notícias que o alvejam há mais de uma semana.
Sobrevém, contudo, novo mistério.
O Instituto Paraná Pesquisas divulgou ontem levantamento conferindo a Crivella 62,9% dos sufrágios válidos, contra 37,1% de Freixo.
O candidato citou a pesquisa em entrevista ao SBT.
Ela foi encomendada pela Rede Record.
As entrevistas foram concluídas no sábado, 22 de outubro, três dias após o término das entrevistas do Ibope.
Se o Paraná Pesquisas estiver correto, a distância de Crivella sobre Freixo se estabilizou.
Nessa hipótese, por que Crivella radicaliza, arriscando-se a multiplicar sua rejeição?
Em tese, pode ser uma vacina contra possível efeito da publicação pela revista ''Veja'' de fotos dele fichado pela polícia um quarto de século atrás.
Ainda assim, a alegada imensa vantagem sobre Freixo recomendaria tocar a bola para passar o tempo, e não lançar-se ao ataque com furor.
Há um descompasso entre a pesquisa alardeada por Crivella e o seu comportamento.
Na quarta e na quinta, Datafolha e Ibope trarão novos números.
Se confirmarem o Paraná Pesquisas, dificilmente o senador perderá a eleição no domingo.