Blog do Mario Magalhaes

Crivella, 1999: homossexualidade é ‘conduta maligna’; em 2014: é ‘pecado’

Mário Magalhães

UOL e SBT sabatinam Crivella (PRB); veja a íntegra

 

Danado que é, o repórter Fernando Molica exumou um antigo livro de Marcelo Crivella, candidato do PRB a prefeito do Rio.

''Evangelizando a África'' saiu pela primeira vez em inglês, em 1999. Molica descreve algumas convicções do bispo (hoje licenciado) da Igreja Universal do Reino de Deus impressas no livro: ''O candidato a prefeito que hoje se apresenta como tolerante e ecumênico fez pesadas críticas a praticamente todas as religiões, apresentadas como 'diabólicas', e classificou a homossexualidade de 'conduta maligna' e de 'terrível mal'. Na publicação, afirma que a Igreja Católica e outras religiões que se denominam cristãs 'pregam doutrinas demoníacas'''.

Crivella disse muito mais, vale a pena ler a reportagem.

Em resposta à empreitada arqueológica de Molica, o senador alegou que ao escrever o livro era um ''jovem missionário'', falou em ''zelo imaturo da fé'', reconheceu o ''lamentável erro'' e assegurou: ''Amo os católicos, espíritas, evangélicos e a todos. Se alguma vez os ofendi, peço perdão. O mesmo em relação à homossexualidade''.

Crivella, porém, manteve ao menos uma restrição do tempo de ''imaturidade''. Há dois anos, quando se candidatou sem sucesso ao governo do Estado do Rio, ele disse que homossexualidade ''é pecado''.

É direito democrático e constitucional manter crença e celebrar a fé. Mas tal ideia de ''pecado'' cultivada por um postulante à administração pública pode ter consequências para a coletividade. Como eu disse a Crivella pessoalmente, numa sabatina de 2014:

''Senador, se a questão fosse religiosa, eu não voltaria ao assunto, porque cada um tem o direito de ter a sua crença e de manifestar a sua crença. Mas há interesse público, um candidato a governador do Estado. Os poetas compuseram e cantaram o lindo verso 'Qualquer maneira de amor vale a pena'. Mas, como o preconceito e o ódio persistem, só no ano passado pelo menos 312 cidadãos e cidadãs foram assassinados no Brasil por motivações homofóbicas. Uma morte a cada 28 horas. Recorde mundial. O senhor, outro dia, afirmou que considera a homossexualidade um pecado. O senhor tem ideia de como tal convicção e tal declaração, na boca de um homem público, podem significar um incentivo à discriminação, à intolerância, à violência e ao ódio?''.

Para ler os trechos da sabatina que trataram desse tema, basta clicar aqui.

Para assistir à íntegra da sabatina, é só clicar na imagem no alto.

Marcelo Crivella é favorito para vencer Marcelo Freixo (PSOL) na eleição do dia 30.

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