Blog do Mario Magalhaes

O bom debate de Crivella e Freixo na Band e o furor de Trump contra Hillary

Mário Magalhães

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Na Band, nenhum candidato se expôs a nocaute – Gustavo Serebrenick/Brazil Photo Press/Folhapress

 

Para quem gosta de MMA, o debate entre os Marcelos Crivella (PRB) e Freixo (PSOL) foi decepcionante.

Mas quem está interessado em propostas e opiniões sobre o Rio assistiu na Band ao mais profícuo encontro entre candidatos de toda a campanha para prefeito.

O conhecimento de cada um sobre a cidade, objetividade versus platitudes, abobrinhas contra conceitos, compromissos assinalados em programa em contraste com programa genérico _tudo esteve mais ou menos claro na noite da sexta-feira.

Foi também um embate cerebral, em que os contendores seguiram à risca o planejado, sem se arriscar a ir à lona _noutras palavras, multiplicar a rejeição a pouco mais de três semanas das urnas do segundo turno.

Crivella cumpriu o papel previsível de quem lidera pesquisa: tocou a bola para o lado, esperando o tempo passar.

Hillary Clinton, na medida do possível, comportou-se da mesma maneira ontem no debate com Donald Trump. Não foi incisiva como poderia, pois está na frente da corrida presidencial.

Nos Estados Unidos, Trump surtou. Mas foi um surto, contradição em termos, de caso pensado. Disse que, se fosse presidente, a adversária estaria na cadeia. Para conquistar eleitores de centro, o ricaço ''republicano'' deveria pegar leve. Pegou pesado porque seu principal objetivo era galvanizar seu eleitorado de direita, abalado com a revelação de fita em que Trump pronuncia barbaridades sobre sua relação com as mulheres. Tão acossado ele esteve no fim de semana que sua meta foi enfatizar a ideia de que não renunciaria à candidatura. Seus fiéis vibraram, mas é pouco provável que Trump tenha amealhado muitos votos. Hillary tem hoje mais chances de se eleger. Ela não o atropelou na discussão sobre a gravação que beira _ou equivale_ a agressão sexual. Marqueteiros tarimbados apostam que os próximos anúncios da democrata na TV reproduzirão as falas ignóbeis do oponente da ex-secretária de Estado.

Freixo não atacou Crivella com o mesmo apetite com que jantou o peemedebista Pedro Paulo na TV Globo, às vésperas do primeiro turno. Foi atitude premeditada. Sem deixar de expor o que pensa, o postulante do PSOL não caiu na armadilha: depois de uma semana bombardeado com boatos, rumores e inverdades disseminados por apoiadores de Crivella _que condenou tais procedimentos_, muitos esperavam que agisse feito um líder estudantil _combativo, porém imaturo. Em vez disso, comportou-se com sobriedade. No lugar de um ''enfant terrible'', procurou passar a imagem de alguém confiável para administrar o município. Aos 49 anos, Freixo aparenta menos idade. Com 59, completados ontem, Crivella parece sessentão.

Freixo aposta na campanha televisiva do mata-mata. É menos conhecido do que Crivella. Antes, no horário eleitoral, o ex-ministro de Dilma Rousseff tinha seis segundos e meio para cada segundo de Freixo. A partir desta segunda-feira, quando a campanha volta ao ar, haverá igualdade de tempo.

Se a distância de Crivella permanecer grande, Freixo será obrigado a confrontar mais abertamente seu antagonista.

Para bom entendedor, Crivella se apressou em esclarecer o que aconteceu na Band: ele ameaça não comparecer ao debate do SBT marcado para a sexta-feira.

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