Revés de Paes, Pedro Paulo, Temer e PMDB no Rio não foi culpa do marketing
Mário Magalhães
O engano de uns e a esperteza de outros atribuem a erros de marketing a derrota de Pedro Paulo (PMDB) na eleição do Rio.
Ocorreu o contrário: a propaganda evitou um desastre maior.
Os críticos imputam ao sumiço de Eduardo Paes em boa parte da campanha a terceira colocação de Pedro Paulo, atrás de Marcello Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL).
Dizem que um administrador alegadamente reconhecido por sua eficiência não poderia ficar distante do candidato que impôs ao seu partido.
Conversa fiada: a maioria dos cariocas sabia que Paes apoiava Pedro Paulo, e por isso mesmo recusou o voto no deputado.
No ano passado, o vigor político de Paes era tamanho que ele, que só assumia a pretensão de em 2018 se candidatar a governador, era cotado a sair para presidente. Mostrava fôlego para tal ambição.
De lá para cá, sua aprovação como prefeito se estabeleceu entre um terço e um quarto dos cidadãos. Há mais gente que o desaprova do que aprova. Fanfarronices aumentaram a rejeição.
A ela se somou a do próprio Pedro Paulo, enfraquecido pela suspeita de ter agredido a ex-mulher, em inquérito que acabou arquivado pelo STF.
E a decorrente do Estado quebrado, em calamidade pública, devido à gestão do PMDB.
O vínculo com o correligionário Michel Temer atrapalhou ainda mais.
Apesar de toda a dinheirama e do vasto tempo na TV, os marqueteiros de Pedro Paulo teriam de obrar milagre. Não obraram.
Paes desapareceu porque sua presença mais afastava do que conquistava eleitores.
Ele reapareceu na reta final com o objetivo de aproximar a votação de Pedro Paulo dos índices de aprovação do prefeito. Não conseguiu, porque muitas rejeições se somaram.
Em 2012, quando se reelegeu em primeiro turno, Paes montou uma coalizão de 20 partidos que se fragmentou em 2016. Concorrentes como Indio da Costa (PSD) e Carlos Osório (PSDB) obtiveram votos que em outro cenário poderiam ter ido para Pedro Paulo. A esquerda fez ''voto útil'' em Freixo (18,16% dos sufrágios válidos). A direita e o centro se mantiveram rachados, prejudicando Pedro Paulo (16,12%).
A derrota no Rio é essencialmente política, e não de marketing.
Culpar o marqueteiro implica esconder as fragilidades políticas do PMDB, de Paes e de Temer. Além da de Pedro Paulo, o candidato inventado que não deu certo.