Marcelo Freixo versus Pedro Paulo: a guerra assimétrica na campanha do Rio
Mário Magalhães
Empatados numericamente em segundo lugar na campanha para prefeito do Rio, conforme o Ibope divulgado ontem, Marcelo Freixo (PSOL) e Pedro Paulo (PMDB) travam disputa com recursos propagandísticos desproporcionais. O peemedebista tem muito mais dinheiro e teve muitíssimo mais tempo na TV. Ambos alcançaram 10% na pesquisa, liderada por Marcello Crivella (PRB), com 34%.
Freixo oscilou um ponto para cima. Pedro Paulo, um ponto para baixo.
A rejeição ao psolista é muito menor que a do postulante do PMDB: 19% a 36%.
Na simulação de segundo turno, Freixo perderia para Crivella por 26 pontos (50% a 24%). Pedro Paulo, por 32 (52% a 20%).
Até agora, se há, é residual o ''voto útil'' num ou noutro.
Entre os outros quatro concorrentes embolados na corrida pela presença no mata-mata derradeiro, destaca-se o vigor de Indio da Costa (PSD), com 8%. Flávio Bolsonaro (PSC) e Jandira Feghali atingem 7%, e Carlos Osório (PSDB), 4%. A margem de erro é de três pontos para cima e para baixo. No limite, seis candidatos empatam em segundo.
A rejeição de Indio é tão baixa quanto a de Freixo, os mesmos 19%. A de Jandira (38%) e a de Bolsonaro (29%) são maiores. A de Osório (16%), menor.
No segundo turno, apenas Indio iguala o desempenho de Freixo _os outros ficam abaixo (mas não foi simulado o confronto Crivella x Osório).
Na guerra assimétrica entre Pedro Paulo e Marcelo Freixo, Indio da Costa ataca pelos flancos. Ameaça ambos, porém parece causar mais prejuízo a Pedro Paulo, que poderia se beneficiar do ''voto útil'' do eleitorado do centro para a direita, se o pessedista não tivesse chances.
Desigualdade
É abissal a desigualdade de meios entre Pedro Paulo e Marcelo Freixo, que permanecem favoritos para chegar ao segundo turno.
Para cada segundo de Freixo no horário eleitoral da TV, que termina hoje, o candidato do prefeito Eduardo Paes e de Michel Temer contou com 19.
O abismo se expressou também na quantidade de anúncios de cada um na televisão.
O tempo maior de Pedro Paulo se deve à coligação de 15 partidos. A de Freixo soma dois.
Em todo o país, como informaram os repórteres Italo Nogueira e Marcelo Soares, nenhum candidato arrecadou tanto com pessoas físicas como Pedro Paulo: R$ 6,8 milhões, doados por 325 pessoas até a noite do domingo.
Freixo arrecadou R$ 347 mil, em contribuições de 3.512 pessoas, recorde nacional de número de doadores.
Para cada R$ 1,00 arrecadado por Freixo com pessoas físicas, Pedro Paulo recebeu R$ 19,56.
Noutros tempos, diriam ser a campanha do tostão contra o milhão.
A média de doação para Freixo é de R$ 98,78. Para Pedro Paulo, de R$ 20.874,51, valor maior que a maior doação para seu adversário, R$ 20 mil.
Correligionários e apoiadores de Pedro Paulo dominam três máquinas: a municipal, a estadual e a federal. Os de Freixo, nenhuma.
Os meios de comunicação mais influentes torcem por Pedro Paulo, e não por Freixo, predileção que se expressa no tom do noticiário.
Por que, então, Freixo conseguiu se manter competitivo até a reta final?
Por muitos motivos, o principal a plataforma oposicionista.
Sua campanha compensou parcialmente as escassas aparições na TV com uma atividade febril nas redes sociais.
E ninguém tem mais militantes nas ruas, sobretudo jovens, do que ele.
É impossível fazer prognósticos hoje, numa contenda em que outros aspirantes podem superar os representantes de PSOL e PMDB.
Mas a persistência de Freixo como candidato forte impressiona.