Com filho de Bolsonaro, ultradireita regride no Rio em comparação com 1994
Mário Magalhães
''Parece, mas não é'', martelava outrora um anúncio-chiclete na TV.
Parece que a intenção de voto no deputado federal Jair Bolsonaro para presidente excede o desempenho histórico de candidatos de ultradireita no Brasil.
Só parece, como o blog demonstrou: em 1955, o fascistoide antissemita Plínio Salgado, já decadente, recolheu os mesmos 8% dos votos que o capitão do Exército amealharia agora.
Não é preciso ir tão longe no tempo para comprovar que as aparências enganam.
O deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSC) é apontado por observadores como fenômeno eleitoral na disputa para prefeito do Rio.
Filho de Jair, Flávio apareceu com 9% na pesquisa Datafolha de 23 e 24 de agosto. Na de 8 de setembro, oscilou para 6%.
Mesmo que estivesse com 9% no total, _ou 12,8% dos votos válidos_, ficaria aquém do resultado do representante da direita mais intolerante no pleito de 1994.
Naquele ano, o general Newton Cruz obteve 14,16% dos sufrágios para governador do Rio de Janeiro.
Na capital, foi ainda melhor. Na zona sul carioca, alcançou 23%. Na zona norte, 19%.
O ex-comandante militar do Planalto durante a ditadura concorreu pelo PSD. Seu vice integrava o PPR, à época o mesmo partido do já deputado federal Jair Bolsonaro. O nome do vice de Newton Cruz era Geraldo Bolsonaro. Os alfarrábios registram que Jair é filho de Geraldo Bolsonaro, mas o blog não conseguiu confirmar se o vice era o pai do deputado ou um homônimo.
Em 1994, Marcelllo Alencar (PSDB) e Anthony Garotinho (PDT) se enfrentaram no segundo turno para o Guanabara. O tucano venceu.
Em comparação com 2016, Newton Cruz tinha a seu favor o discurso de endurecimento na segurança pública. A Polícia Militar e a Polícia Civil são vinculadas ao Estado, não ao município. Flávio Bolsonaro, por mais que arengue segurança, candidata-se à prefeitura.
No essencial, contudo, as pregações são similares, nos moldes clássicos da direita extremada.
Até aqui, as pesquisas indicam Flávio Bolsonaro, a despeito do oba-oba de seus simpatizantes, com menos votos que Newton Cruz 22 anos atrás.
As circunstâncias são diferentes, mas os números não autorizam a convicção de que a direita radical tem hoje mais votos que no passado.