Blog do Mario Magalhaes

Num sábado eterno, seleção conquista ouro e semeia futuro no Maracanã

Mário Magalhães

REUTERS/Murad Sezer

Neymar, à moda de Bolt – Foto Murad Sezer/Reuters

 

Tinha que ser num sábado.

Por quê?

Porque hoje é sábado, e o Vinicius sabia que aos sábados ''há um renovar-se de esperanças''.

O mascote dos Jogos do Rio é xará do poetinha.

Tinha que ser no Maracanã.

Porque o Maracanã foi, em 1950, o palco da tragédia suprema do futebol brasileiro _o 7 a 1 do Mineirão constituiu o maior vexame.

Maracanã em cujas cercanias cresceu Renato Augusto, o maestro da seleção campeã.

O primeiro título olímpico não suaviza fiascos recentes em Copa do Mundo e Copa América.

Mas a conquista inédita não é uma façanha menor na história.

Tremendos jogadores não chegaram lá. Em 1996, assisti nos Estados Unidos a uma geração fabulosa se frustrar com o bronze.

Craques como Aldair, Roberto Carlos, Rivaldo, Bebeto, Ronaldo Fenômeno, Juninho Paulista.

O técnico era o grande, imortal Zagallo, que outro dia carregou a tocha.

Tinha que ser sofrido.

Porque o nosso futebol não anda lá essas coisas.

A equipe do técnico Rogério Micale esteve longe de ser espetacular na decisão.

Mas sobrou valentia, como a da guerreira Marta, que testemunhou o épico no estádio.

No empate em 1 a 1 com a Alemanha, o time levou o primeiro gol na competição.

E duas bolas no travessão.

Abriu o placar com Neymar, em falta sofrida por ele.

Diante de Usain Bolt, o camisa 10 comemorou imitando a pose do raio.

Meyer empatou.

Esse não era um timaço alemão.

E daí?

Estava escrito, desde antes de o futebol desembarcar nessas terras, que seria assim.

Weverton defendeu a quinta cobrança alemã nos pênaltis.

E Neymar converteu.

Neymar não é problema, e sim solução.

O escrete olímpico semeia o futuro da seleção principal.

Que o digam Neymar, Marquinhos, Gabriel Jesus, Gabigol, Renato Augusto, Luan e outros.

Tinha que ser no sábado.

Tinha que ser no Maracanã.

Tinha que ser em 2016, o ano do recomeço.

As lágrimas de Neymar, Micale e dos brasileiros regam a semente de um porvir de sucesso.

A medalha de ouro não elimina o 7 a 1.

Mas anuncia um tempo de 7 a 1 nunca mais.

O Maracanã avisou ao mundo: o campeão voltou.

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