O time que conquistou o coração do Brasil
Mário Magalhães
Enquanto durarem os dias, quem gosta de futebol não esquecerá o épico que acaba de terminar no Mineirão, na madrugada deste sábado.
Depois de Marta, a craque suprema, errar sua cobrança na série de pênaltis, a goleira Bárbara defendeu a batida de Gorry que se convertida eliminaria o Brasil do torneio feminino da Olimpíada.
Na oitava rodada dos pênaltis, Tamires marcou, e Bárbara espalmou o chute de Kennedy.
Chorou Marta, chorou a contundida Cristiane, chora o Brasil com a passagem heroica para a semifinal.
Que ninguém mais venha culpar o Mineirão pelos 7 a 1 de 2014.
Naquela Copa, a seleção sobrepujou o Chile nos pênaltis, nas oitavas. Onde? Lá em Minas.
Quiseram os deuses da bola que Marta desperdiçasse seu pênalti, como em seus dias Zico, Sócrates e Messi desperdiçaram.
O Carrossel Tropical do técnico Vadão conquistou o coração do país.
Dá orgulho ver sua equipe jogar, mesmo em noite-madrugada em que a engrenagem aparenta não estar tão azeitada como nas partidas anteriores.
Após o que se viu em Belo Horizonte, ainda há alguém para propor o fim do futebol nos Jogos Olímpicos?
No começo do mata-mata, a seleção pareceu surpreendida com a marcação australiana, vigorosa e adiantada, que atrapalhou o toque de bola na saída de jogo brasileira característica na fase de classificação.
O time esteve mais estático, embora Marta tenha rodado por várias posições. Iniciou na meia-esquerda, com Andressa Alves na meia-direita. Passou para o ataque, com Debinha recuando para a meia-esquerda. Foi para a meia-direita, com Debinha de novo como atacante, e Andressa Alves na meia-esquerda.
Com a ausência de Cristiane, faltou a principal referência ofensiva depois de Marta. Debinha lutou, correu e teve chances, mas não as aproveitou. Passes longos, sem sucesso, substituíram o toque envolvente.
No segundo tempo, Marta voltou como meia-direita. Quando começava a construir jogadas apimentadas com Fabiana, a lateral-direita se machucou e deu lugar a Poliana.
Aos 28 minutos, o Brasil acumulava nove escanteios, contra nenhum da Austrália, insinuante sobretudo em contra-ataques.
Aos 40, as australianas acertaram o travessão de Bárbara.
Aos 44, Williams defendeu finalização perigosíssima de Andressa Alves.
Na prorrogação, o Brasil dominou e sufocou, mas não anotou.
A dois minutos do fim, Marta quase definiu.
Ela fez um partidaço.
Como Formiga, a mulher coragem de inteligência tática assombrosa.
A torcida do Mineirão gritou ''eu acredito''. Não desistiu.
Zero a zero.
E vieram os pênaltis que já são história.
Agora é buscar o título inédito.
Bravo, bravíssimo!