Na estreia, seleção só tem cabeça e membros. Faltou meio-campo, o corpo
Mário Magalhães
A palavra equilíbrio é um dos mantras do futebol contemporâneo. Foi equilíbrio o que mais faltou à seleção brasileira masculina na estreia olímpica. O time de Rogério Micale teve cabeça e membros, mas faltou corpo. Isto é, viu-se defesa e ataque, mas não meio-campo. Sem meio, o ataque e a defesa ficaram mais fracos.
Brasil e África do Sul empataram em 0 a 0, pelo grupo A.
Num campo maltratado em Brasília, a seleção pareceu se surpreender com a qualidade do adversário, muito técnico e muito organizado. Ansiosa, começou arriscando _e errando_ passes longos. A bola queimava os pés. No primeiro tempo, Neymar conseguiu acertar dois chutes perigosos, que o goleiro Khune espalmou para escanteio. Renato Augusto esteve irreconhecível. Serão as atribuições excessivas de defender e atacar? Ou a transferência para o pouco competitivo futebol chinês já traz consequências ruins?
Com nossa defesa longe do ataque, e os meias brasileiros isolados, os sul-africanos tiveram espaços e criaram boas chances. Jogam redondo, infiltram-se em linha de passe.
O Brasil continuou mal depois do intervalo. Jogadores parados, jogadas previsíveis. Levou olé, com demorada troca de passes da África do Sul.
A partida mudou aos 14 minutos, com a expulsão justa de Mvala.
Mas, em vez de reforçar a criação do meio, Micale preferiu substituir o meia Felipe Anderson pelo atacante Luan. Passamos a ter quatro no ataque.
Aos 23 minutos, impedido, Gabriel Jesus acertou a trave.
A seleção pressionou, mas não chegou lá.
Para evoluir, precisa ganhar corpo. Ou meio.