Apoio de cariocas à Olimpíada não passa de 49%; só 41% dizem ter interesse
Mário Magalhães
A poucas semanas da cerimônia de abertura, o apoio dos cariocas à realização da Olimpíada é de 49% _arredondando, a metade. São contrários 31%, e 19% não são contra ou a favor.
É o que mostra pesquisa realizada pelo Sesc RJ e a FGV Projetos publicada pelo jornal ''O Globo'' (''Otimismo que supera barreiras e sobe ao pódio''). Foram entrevistadas 2.400 pessoas, de 19 de maio a 1º de junho.
Somente 41% dos moradores da cidade responderam estar muito interessados ou ao menos interessados nos Jogos (com a proximidade das provas, o índice certamente aumentará).
A maioria, 61%, aposta que ''o desempenho do Rio como sede'' será um sucesso.
Não há informação de levantamento anterior da FGV Projetos sobre a opinião dos cariocas a respeito da Olimpíada.
Do ponto de vista técnico, é incorreto comparar pesquisas de opinião com métodos diferentes.
Mas o abismo com resultado anterior apontado pelo Ibope é tamanho que o bom senso permite afirmar que a aprovação caiu.
Em setembro de 2015, o secretário municipal Pedro Paulo Carvalho anunciou que, de acordo com o Ibope, 73% dos habitantes do Rio apoiavam receber a competição.
O Datafolha havia constatado em 2014 redução do endosso aos Jogos entre a população do Estado do Rio de Janeiro.
Ao contrário do que dá a entender o surto pitaqueiro às vezes precipitado, tecnicamente inepto, partidário, de olho em negócios ou votos, bairrista, mais de torcedor do que de analista, bajulador ou niilista, contra ou a favor da Olimpíada, ainda é cedo para saber como os cariocas reagirão a ela durante o evento e depois do encerramento.
Se houver percepção de que os Jogos sacrificaram os cidadãos, é provável que a maioria lamente a indicação festejada em 2009.
O governador interino Francisco Dornelles, ao decretar o estado de calamidade pública, afirmou que despesas e investimentos com a Olimpíada contribuem para a pindaíba do Estado.
Há muitos compromissos não cumpridos. Com a Rio 2016, trombetearam, viriam a despoluição da baía de Guanabara e de lagoas da zona oeste. Ficou na promessa.
Em contraste, o sistema viário ganha três corredores expressos de ônibus (sistema BRT), a ampliação do metrô até a Barra e os bondes modernosos (VLT) na região central _com atrasos e mudanças problemáticas em linhas de ônibus. Se prevalecer o sentimento de que o transporte melhorou graças à Olimpíada, a aprovação tende a crescer.
Há cenários indefinidos, a despeito de relatos categóricos alardeando que está tudo nos conformes (não está) ou que os atrasos porão tudo a perder (puro chute ou vontade).
A impressão de quem visita o complexo esportivo de Deodoro é de corrida contra o tempo.
Já no parque olímpico da Barra, como testemunhei nas últimas semanas, é cada vez menor o número de operários, o que indica que está quase tudo pronto.
Uma coisa é certa: a imensa chance de desenvolvimento social do Rio oferecida pelos Jogos não foi aproveitada.
Se terá valido a pena ou não, são outros quinhentos.
Por enquanto, cada vez menos cariocas pensam que sim.