Jogos serão abertos no estádio, Maracanã, que simboliza corrupção no Brasil
Mário Magalhães
Primeiro, dois antigos executivos da Andrade Gutierrez disseram que Sérgio Cabral embolsara R$ 60 milhões de propina na reforma-reconstrução do Maracanã para a Copa de 2014.
Que o então governador do Rio recebeu durante certo tempo mesada mocosada de R$ 300 mil, denominada por ele com o eufemismo ''adiantamento''.
Que o agrado a Cabral correspondia a 5% do valor das obras do Estado.
Os chefes da construtora falaram na delação dita premiada, na operação Lava Jato.
Agora, sabe-se que um ex-diretor-presidente da Odebrecht declarou que Cabral ''tinha como regra cobrar da empreiteira o pagamento de 5% do valor total dos contratos das obras''.
Confirmou a tabela da roubalheira.
Valeria para o Maracanã, cujo consórcio a empreiteira integrou.
A linha 4 do metrô, ''legado olímpico'' cuja conclusão está atrasada por falta de dinheiro, também teria rendido propina a Cabral.
Além do peemedebista, mais gente teria levado algum por fora. Um dos dois executivos da Andrade Gutierrez que mencionaram Sérgio Cabral disse que um secretário do governador pediu 1% do preço da empreitada no Maracanã para pagar propina a conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.
Todos os denunciados negam ter cometido crime.
Na noite de 5 de agosto, o Maracanã será palco da cerimônia de abertura da Olimpíada do Rio (no dia 21, da de encerramento).
Pelo talento e competência dos artistas e técnicos participantes, o espetáculo tem tudo para ser soberbo.
Pena que o estádio começa a ser símbolo da corrupção ampla, geral e (quase) irrestrita em vigor no Brasil.