Empreiteiro que citou propina de R$ 1 milhão a Temer desiste de delação
Mário Magalhães
Antes de Michel Temer assumir o Planalto, um dos donos da empreiteira Engevix disse a investigadores da Operação Lava Jato que em 2014 tinha encaminhado R$ 1 milhão de propina ao hoje presidente interino.
O engenheiro José Antunes Sobrinho fez a afirmação durante negociações com o Ministério Público Federal para uma dita delação premiada. Prometeu comprovar o relato.
Depois que Temer ocupou o lugar de Dilma Rousseff, o empreiteiro desistiu do acordo com a Procuradoria-Geral da República.
Sem o acordo de colaboração, sua versão sobre o dinheiro alegadamente dado a Temer não vale como prova judicial.
A reviravolta pró-silêncio foi revelada hoje em reportagem de Renato Onofre e Thiago Herdy.
De acordo com o engenheiro, a empresa de arquitetura e engenharia Argeplan ganhou um contrato da Eletronuclear para empreitada na usina nuclear Angra 3. Em seguida, contratou a Engevix para tocar parte do serviço. Um dos sócios da Argeplan, João Baptista Lima Filho, é muito próximo de Michel Temer.
O empreiteiro da Engevix informou na proposta de ''delação'' que esteve com Lima Filho no escritório de Temer em São Paulo, para tratar de ''assuntos ligados à Eletronuclear''.
À revista ''Época'', em abril, Temer confirmou o encontro, mas negou propina. O propósito da reunião seria tratar de obra da Engevix. Em nota, o então vice declarou que não intermediou ''interesses empresariais escusos em qualquer órgão público nacional''.
Os advogados do empreiteiro dizem que ele desistiu da ''delação premiada'' por ter sido absolvido num dos processos vinculados à Lava Jato. Antunes Sobrinho é investigado em outros escândalos.
Temer aparece numa investigação como beneficiário de R$ 5 milhões da OAS e, de acordo com seu correligionário Sérgio Machado, combinou propina de R$ 1,5 milhão para campanha de candidato do PMDB.