Papa Francisco e Obama apontaram ódio em Orlando. Itamaraty calou. Por quê?
Mário Magalhães
Ao se pronunciar sobre o massacre a tiros numa boate em Orlando que provocou ao menos cinquenta mortes, Barack Obama empregou a palavra ''ódio''. ''Um ato de terrorismo é ódio'', disse o presidente dos Estados Unidos.
Idem o papa Francisco. Houve ''manifestação de caráter homicida e de ódio insensato'', afirmou o chefe do Vaticano, por meio do seu porta-voz.
A nota distribuída ontem pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil (no alto) cala sobre o caráter de ódio da ação terrorista na Flórida. Condena o ''ataque'', o ''ato de terrorismo'' e a ''barbárie assassina''.
De acordo.
É inaceitável, porém, o silêncio sobre o caráter também ou sobretudo homofóbico do massacre reivindicado pela organização conhecida como Estado Islâmico.
A casa noturna era frequentada pelo comunidade LGBT.
Ao omitir a homofobia em sua nota, o Itamaraty oculta o preconceito homofóbico.
Na melhor das hipóteses, o Ministério ignora o que ocorreu e não tem ideia do que uma agenda humanista e democrática exige para o século 21.
Na pior, procurou não contrariar deputados pregadores do ódio e da homofobia que integram a base política de Michel Temer.
Por que o Itamaraty calou sobre o ódio contra os gays?
Por quê?