Blog do Mario Magalhaes

Pior para Fla seria pensar pequeno, rebaixar ambições e adotar futebolzinho

Mário Magalhães

Em 2009, no Maracanã, campeão brasileiro – Foto Ricardo Nogueira/Folhapress

 

Em crise, o Flamengo joga logo mais contra a Chapecoense, pelo Campeonato Brasileiro.

O time não engrena, enquanto os cartolas batem cabeça, os gestores não se entendem e Muricy convalesce de uma arritmia cardíaca.

O técnico não sabe se permanecerá no clube ou se vai cuidar da saúde com mais atenção.

Com ou sem Muricy, o pior que pode acontecer ao Flamengo é pensar pequeno, rebaixar ambições e adotar um futebolzinho de resultados.

Desgraçadamente, foi isso o que se viu domingo em Porto Alegre.

A derrota para o Grêmio por 1 a 0 não foi vexatória, os jogadores lutaram, vestiram com dignidade o manto.

O problema foi a mensagem das mudanças efetuadas por Jayme de Almeida.

Ao apostar em Márcio Araújo, Éverton e Gabriel, o regra-três de Muricy reeditou fórmula de anos passados, quando o Flamengo olhou mais para baixo do que para cima da tabela.

Mancuello e Willian Arão, contratados neste ano, são mais jogadores.

Idem o meia-atacante Ederson, que não deveria jogar como centroavante-centroavante, posição que não é a sua e na qual não se dá bem. Fica de costas para o gol adversário.

Jayme preferiu domingo a escalação com marcadores mais eficientes, embora com menos talento ofensivo.

Ocorre que Willian Arão e Mancuello podem desempenhar funções defensivas muito bem, desde que haja treinamento e plano para isso.

A zaga desprotegida é mais consequência de problema tático do que de escalação.

O time que entrou em campo no estádio-arena tricolor sugere rendição pragmática à mediocridade.

É o tal ''futebol de resultados'', que nunca funcionou.

Os campeões costumam ser bons ao defender, mas, com maior ou menor vocação, não abdicam do ataque. Conquistam grandes resultados, sem aspas.

Equipe que entra desequilibrada, só pensando em não levar gol, acaba se lascando.

Bem como as que só querem atacar e abandonam os zagueiros à própria sorte.

O triunfo do Flamengo em 2009, campeão nacional, decorreu de aplicação coletiva que resultou num time melhor do que a soma dos jogadores.

Ainda que dois deles, no canto de cisne das carreiras, tenham sido decisivos: Petkovic e Adriano.

Deixar Willian Arão (que jogará à noite) e Mancuello na reserva é erro.

Idem Marcelo Cirino, melhor do que Gabriel.

E valeria insistir na combinação de Mancuello e Ederson (ou Alan Patrick) pela esquerda.

Contra a Chapecoense, é possível vencer mesmo com o espírito exposto em Porto Alegre.

No resto do ano, contudo, seria aceitar a condição mediana, de não-fede-nem-cheira, de não cai para a segundona, mas não disputa o título.

Pensar pequeno pode servir a outros, não ao Flamengo.

Pode ser que o sonho de um futebol à Barcelona tenha morrido.

Mas não precisa se inspirar no passado frustrante dos anos recentes.

(O blog está no Facebook e no Twitter )