‘Ministério de notáveis’ de Temer foi mais uma história da carochinha
Mário Magalhães
Bajuladores e arautos de Michel Temer se empenharam durante semanas em alardear o que seria um ''Ministério de notáveis'' em possível governo do vice aspirante a presidente.
De acordo com jornalistas entusiastas do impeachment de Dilma Rousseff, Temer afirmou que montaria o dito ''Ministério de notáveis''.
Por pouco não disseram que ressuscitariam Ruy Barbosa, Santiago Dantas, Oswaldo Cruz.
Muito chaleirismo, palavra fora de moda que equivale a bajulação, e pouco ou nenhum fato.
Os cogitados, cujos nomes são vazados por Temer e aliados, são mesmo notáveis. Mas por outros motivos.
Romero Jucá é notável por ser investigado pela Operação Lava Jato.
Moreira Franco, pelas ocorrências do seu tempo de governador, época em que o jornalista Janio de Freitas antecipava os resultados de concorrências públicas.
Henrique Eduardo Alves, por ter implorado para ser ministro de Dilma Rousseff.
Sem falar no pessoal do PP, do PSD e outras agremiações conhecidas pelo, digamos, pragmatismo à PMDB.
Notável é o tradicional varejo na formação do primeiro escalão do governo.
Pelo menos até as vésperas da votação do impeachment na Câmara, era esse varejo que caracterizava o Ministério Dilma.
Nem os mais fanáticos chaleiristas da presidente, contudo, ousaram sugerir que ela se cercaria de ''notáveis''.
A administração Temer ainda não começou, mas emplacaram mais uma história da carochinha.
Tal talento não falta ao vice missivista, que alegou ter se recolhido, quando na verdade conspirava contra a soberania do voto popular.