Por que só agora, após a votação do impeachment, Eduardo Cunha é ilegítimo?
Mário Magalhães
Deu-se enfim a descoberta, sobretudo por certos círculos jornalísticos: Eduardo Cunha não tem legitimidade para exercer o cargo de deputado federal, muito menos para presidir a Câmara.
De acordo. Antes tarde do que nunca.
O curioso é que não ocorreu novidade de vulto depois da votação da Câmara autorizando o Senado a se pronunciar sobre o impeachment de Dilma Rousseff.
As acusações e suspeitas contra Cunha já haviam sido formuladas.
Ele já era réu no Supremo Tribunal Federal, denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Aos seus pares, assegurara não ter conta no exterior, versão desautorizada por documentos apresentados por autoridades suíças.
Por que só agora Eduardo Cunha é ilegítimo e quem sabe ilegal, e não antes, quando presidiu a sessão que deu sinal verde para a deposição da presidente constitucional que não cometeu crime?
Estranho. Estranhíssimo.
A presença do famigerado Cunha à frente do show de horrores de 17 de abril é suficiente para considerar ilegítima a decisão contra a governante eleita pelo voto popular.
Mas só agora descobrem que Cunha é Cunha.
Ontem o deputado estava no Palácio do Jaburu, tramando com seu aliado Michel Temer.