Blog do Mario Magalhaes

Se for para Dilma sair, que o próximo presidente seja eleito nas urnas

Mário Magalhães

Campanha das Diretas, em 1984, em foto do legendário Gil Passarelli (Folha Imagem)

 

A legalidade e a legitimidade chancelam a batalha de Dilma Rousseff para cumprir o mandato de quatro anos que lhe foi conferido por 54.501.118 eleitores.

A conspiração pró-impeachment deu ontem gigantesco passo na Câmara, que autorizou o envio do processo ao Senado, onde hoje a deposição conta com larga margem de votos.

Michel Temer, sufragado para vice, e não presidente, aquece para ser promovido a titular.

Como manobras contábeis são meros pretextos para derrubar a governante constitucional, a ação do impeachment em curso configura golpe de Estado mal disfarçado.

Querem trocar o pronunciamento soberano de milhões de cidadãos por um colégio eleitoral de centenas de deputados e senadores.

O governo Dilma agoniza, o país para, e as perspectivas de a presidente permanecer no cargo são cada vez menores.

A saída à força de Dilma representaria retrocesso institucional e revés de envergadura histórica para a democracia.

Sem depender de desdobramentos da Operação Lava Jato, de manifestações do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, a presidente da República, caso considere não haver mais condições políticas de governar, deveria propor eleições diretas imediatas para presidente.

Dilma não é obrigada a tal iniciativa. Como dito, é legal e legítimo que defenda seu mandato até o fim.

Seria trágica a deposição _por parlamentares suspeitos, indiciados e denunciados por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro_ da governante contra quem não existe uma só alegação de roubalheira.

Outro golpe na democracia seria um presidente não referendado em eleições diretas, mas abençoado por meia dúzia.

Se for para Dilma deixar o Planalto, que o próximo presidente da República seja escolhido pelos cidadãos.

Na democracia, presidente se elege no voto, e não em arranjos que, por meio de pleito indireto, retiram dos eleitores o direito de decidir.

(O blog está no Facebook e no Twitter )