Blog do Mario Magalhaes

A declaração mais hipócrita da crise: ‘Há mais de um mês eu me recolhi…’

Mário Magalhães

Michel Temer, 2% de intenção de voto para presidente (Datafolha) – Foto Kleyton Amorim/UOL

 

É uma competição dura, sobretudo concorrendo com ladrões de todos os tons que juram honestidade.

Mas parece difícil, em toda a crise, encontrar uma declaração tão hipócrita quanto a de Michel Temer em seu ensaio de discurso para a eventual iminência de se tornar presidente da República.

O aspirante a ocupar o Planalto driblando as urnas disse: ''[…] Sabem todos que há mais de um mês eu me recolhi exata e precisamente para não aparentar que eu estaria cometendo algum ato, praticando algum gesto com vistas a ocupar o lugar da senhora presidente da República'' (leia a íntegra clicando aqui).

Não é somente que tenha ''praticado algum gesto'': o vice-presidente tramou, atiçou, conspirou, sabotou, intrigou, fez o diabo para depor Dilma Rousseff.

Pode-se gostar ou não de Dilma e ser contra ou a favor do impeachment.

É inegável, porém, a desfaçatez de Temer.

O farisaísmo se escancarou hoje. O vice viajou ontem para São Paulo, onde aguardaria ''de longe'', com afetação de magistrado, a votação de amanhã na Câmara sobre o impeachment.

Caiu, se é que ainda restavam retalhos dela, a máscara de estadista: o noticiário informou que Michel Temer regressou a Brasília, onde cabala sofregamente adesões para golpear a governante constitucional.

Ao lado do seu parceiro Eduardo Cunha, o que dispensa comentários.

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