Intolerância e ódio: até quando tanta gente vai achar isso tudo natural?
Mário Magalhães
Médica recusou-se a atender criança porque a mãe do paciente é vinculada a partido político rejeitado pela doutora (leia aqui):
O presidente do sindicato dos médicos apoiou a pediatra (reprodução abaixo). ''Ela [a médica] tem a nossa admiração'', emendou (aqui):
Numa escola, um menino foi xingado e ameaçado por ter ido à aula com camisa vermelha, estampada com bandeira da Suíça (aqui):
Em rede social, professora opinou sobre determinado ato público. Pais pediram sua demissão, ela foi xingada. Com a vida transformada num inferno, a professora pediu as contas (aqui):
Homens, um dele vestindo máscara, hostilizaram mais de uma vez Juca Kfouri em frente ao prédio onde o jornalista mora (aqui):
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Não, não e não. Não se pode encarar como natural a onda de intolerância e ódio que se alastra no Brasil.
O episódio da médica que se recusou a atender uma criança por não gostar do partido da mãe do guri assombra.
A mãe poderia integrar o partido do FHC, do Lula, da Marina, do Temer, do Freixo, do Jefferson, do Freire, do Lupi, da Jandira, do Eduardo Jorge, do Eymael, do Bolsonaro, do Levy, do Zé Maria, do Pimenta, do Ivan.
Não importa. No seu juramento, os médicos se comprometem a ser dignos, a respeitar a vida alheia e a considerar a saúde humana sua primeira preocupação.
Como ameaçar um garoto por vestir camisa vermelha (era a da Suíça…)?
Ou uma professora, por opinar em rede social sobre determinado protesto?
E ir à casa do Juca Kfouri tentar intimidá-lo por se expressar sobre o impeachment presidencial?
Um dos homens que hostilizaram o Juca usava máscara, feito um criminoso covarde da Ku Klux Klan.
Querem transformar o país em quê?
Numa Alemanha dos anos 1930?
Numa União Soviética da mesma década?
Época que os cidadãos era caçados _alguns, cassados_ por nazistas e stalinistas também devido às suas ideias.
É incrível o silêncio, com exceções, que encobre o ensaio de barbárie em curso, o ovo da serpente sendo chocado.
É espantoso como se relativiza a hidrofobia crescente.
A questão não é o que se pensa, mas o direito de pensar o que quiser.
E de manifestar opiniões, no espírito da democracia e com as garantias constitucionais.
Até quando tanta gente vai achar isso tudo natural?
Quando for tarde, e começarem a matar?