Já pensou se protesto fosse diante da casa de Gilmar Mendes, que escândalo?
Mário Magalhães
Como não sei se alguém ainda identifica equilíbrio jornalístico na cobertura da conflagração em curso no Brasil, corro o risco de chover no molhado. Tudo bem.
Ontem à noite, manifestantes se concentraram em Porto Alegre na porta do condomínio onde reside Teori Zavascki quando não está Brasília, onde é ministro do Supremo Tribunal Federal.
Pouco antes, o ministro havia determinado que as investigações sobre o ex-presidente Lula, na Operação Lava Jato, devem correr no âmbito do STF, e não na vara de primeira instância sob responsabilidade do juiz Sérgio Moro.
Os participantes do protesto discordam da decisão do ministro.
Gritaram palavras de ordem, levaram faixa. ''Teori é traidor'', entoaram em um cântico. Para assistir ao que houve, é só clicar aqui, em notícia da ''Zero Hora''.
Não interessa, nesse post, discutir méritos de despachos de Zavascki e Moro.
Mas observar o relativo silêncio jornalístico sobre o episódio passado na capital gaúcha.
E fazer uma pergunta: caso a manifestação tivesse ocorrido na porta da casa do ministro Gilmar Mendes, a discrição do noticiário sobre o protesto seria tamanha?
Outra: ou existiria uma grita, em tom de escândalo, falando em tentativa antidemocrática de intimidação do Judiciário?
Não responderei, porque não precisa.
A essa altura, tudo é desgraçadamente óbvio demais.