Delação ecumênica de Delcídio é boa inspiração para Lava Jato
Mário Magalhães
Dilma Rousseff, Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros: a presidente e a linha sucessória estão lá.
Inclusive o último da lista, Ricardo Lewandowski. Ao contrário dos outros, o presidente do STF aparece bem na fita.
Sobra para Luiz Inácio Lula da Silva, Aécio Neves, Aloizio Mercadante e dezenas de personagens protagonistas ou coadjuvantes das eras petista e tucana.
Eis a dita delação premiada do senador Delcídio do Amaral, ex-líder do governo Dilma e diretor da Petrobras nomeado ainda na administração FHC.
Em contraste com outros ''colaboradores'', como a Justiça prefere chamar, Delcídio não mirou num alvo só. Foi ecumênico.
É possível, como se observa nas declarações do senador publicadas hoje, que ele tenha descarregado mais munição em certas figuras e partidos por motivos, digamos, mais pessoais.
O que não diminui a impressão de que o espírito do seu relato, não se limitando a uma só agremiação, seja boa inspiração para a Lava Jato.
A corrupção tem de ser investigada e punida. Seja quem for o autor, de qualquer trincheira.
Não custa reiterar que Delcídio não é mocinho nessa história.
O fato de ser quem é não invalida sua versão, ainda mais se tiver como comprová-la.
Mas é preciso verificar se o que ele conta é referendado pelos fatos.
Na democracia, fazer justiça implica punir os corruptos na forma da lei. Condenar sem provas é injustiça.