Ban Ki-moon fala no 8 de Março. Mas, vem cá: quando mulher dirigirá a ONU?
Mário Magalhães
Em artigo publicado hoje na ''Folha'', por ocasião do Dia Internacional da Mulher, Ban Ki-moon dá uma série de toques legais (leia aqui).
O secretário-geral da ONU trata de desigualdade de gênero, uma das tragédias do planeta obscenamente desigual.
Achei uma ou outra coisa estranha, como citar Confúcio. Aprendi com sul-coreanas, conterrâneas de Ban Ki-moon, que o confucionismo relega as mulheres à segunda ou terceira divisão da existência. É verdade que outras religiões também. Deixa pra lá.
A maior estranheza é antiga, cresce ano a ano, a cada vez que um dirigente das Nações Unidas se pronuncia no 8 de Março: por quanto tempo a pregação sobre os direitos e as lutas das mulheres será feita por homem?
Ban Ki-moon é o oitavo secretário-geral da ONU. Entre seus predecessores houve africano (dois), sul-americano (um), europeu (três) e outro asiático. Todos homens.
Enquanto o posto máximo da ONU permanecer interditado às mulheres, os discursos de todo 8 de Março serão temperados por hipocrisia.
Não que os homens, é evidente, não possam e não devam se juntar às mulheres nas batalhas contra a desigualdade.
É que, nas Nações Unidas, parecemos ouvir: faça o que eu digo, mas não o que eu faço.