No Rio, neotucano Osório é opção a Pedro Paulo para bater Crivella e Freixo
Mário Magalhães
As últimas semanas renderam três novidades relevantes nos arranjos para a campanha deste ano a prefeito do Rio:
1) o senador Romário (PSB) tirou o time, depois da gravação em que Delcídio do Amaral mencionou a existência de conta secreta do ex-craque no exterior. E também após publicação de reportagem informando que parentes e amigos de Romário ganharam empregos camaradas numa pasta municipal cujo secretário foi indicado pelo Baixinho;
2) o senador Marcelo Crivella está trocando o PRB pelo PSB de Romário;
3) o deputado Carlos Roberto Osório, ex-secretário estadual de Transportes, lançou sua candidatura pelo PSDB, abandonando o PMDB do prefeito Eduardo Paes e do governador Luiz Fernando Pezão.
Por enquanto, os três candidatos mais fortes são Marcelo Crivella, seu xará Freixo (PSOL) e o secretário municipal Pedro Paulo, correligionário do prefeito.
Crivella chegou ao segundo turno da disputa para o governo do Estado, em 2014.
Marcelo Freixo alcançou 28% dos votos na eleição para prefeito de 2012.
A força de Pedro Paulo é o apadrinhamento por Eduardo Paes, cuja administração ostenta bons índices de aprovação. Paes deve levar cerca de uma dúzia de partidos para a coligação, premiando seu candidato com um latifúndio de tempo na propaganda televisiva. Estão com Pedro Paulo tanto o PT, agremiação que afirma defender os direitos das mulheres, quanto o DEM.
O grande arco político, empresarial e midiático que apoiou os peemedebistas Paes e Pezão nos pleitos passados está ou estaria com o escolhido pelo prefeito para o confronto de 2016. Acontece que a revelação de agressão de Pedro Paulo à ex-mulher tornou mais complicado seu desafio. O pré-candidato chega a um hospital e é recebido com gritos de ''Maria da Penha!'' Sua candidatura agonizava, mas foi mantida por vontade de Paes.
Essa coalização se opõe a Freixo porque o candidato é de esquerda, bem mais do que o democrata norte-americano Bernie Sanders.
Crivella é rejeitado devido ao seu vínculo com a Igreja Universal do Reino de Deus, da qual é bispo licenciado. O senador é sobrinho do bispo Edir Macedo, líder da Iurd e dono da TV Record. Ao sair do PRB, pretende amenizar a imagem de postulante da Universal.
Como existe pelos aliados de Paes o temor de Pedro Paulo não empolgar, o neotucano Carlos Roberto Osório se tornou opção para derrotar Crivella e Freixo.
Osório é um dos políticos cariocas mais dados à marquetagem. Pezão comentou, semanas atrás: ''Acende um flash, ele [Osório] já dá entrevista. Abre a porta da geladeira, dá entrevista (risos). Não quer nem saber. Dá entrevista para a geladeira''.
Osório deu muita entrevista sobre táxis no aeroporto Santos Dumont. Mas a bandalha continua. O candidato é melhor de entrevista do que de serviço.
Pouquíssimos políticos apareceram tanto nas TVs do Rio nos últimos anos como Osório. Quem subestimar sua candidatura pode se dar mal.
Ao ingressar no PSDB, o deputado começou a criticar o governo federal, de ampla rejeição no Rio, como em todo o país.
A condição de oposicionista, em contraste com Pedro Paulo, da base política de Dilma Rousseff, pode ajudá-lo.
Osório pertence ao mesmo espectro político conservador de Eduardo Paes.
Mas seria muito ruim para o prefeito não deixar um sucessor fiel na prefeitura, ainda mais porque planeja concorrer a governador ou presidente em 2018.
O Rio terá uma campanha imprevisível, como a de 2014 para o Palácio Guanabara. Em junho de 2013, centenas de milhares de pessoas xingaram nas ruas o então governador, Sérgio Cabral. No ano seguinte, ele emplacou nas urnas o sucessor. Pezão se elegeu em virtude da enorme rejeição a Crivella. Em 2016, por enquanto, quem lidera a corrida é o bispo da Universal. A percepção que os cariocas tiverem da Olimpíada de agosto pode ser decisiva em outubro. Apostas sobre o novo prefeito são precipitadas.