O sádico da chuva
Mário Magalhães
Fim de tarde, começo da noite no Rio, chuva de verão, ruas alagadas, um perrengue que só.
Muito pior para quem vive em habitações frágeis e mora longe. A casa ameaça cair, não se chega nunca em casa.
Sobra também para quem leva uma vida melhor.
Com as vias cobertas de água, carros em velocidade jogam água nas calçadas, molham os pedestres.
Há um tipo peculiar de sádico, que ontem deu as caras na rua Voluntários da Pátria, em Botafogo.
É o motorista que acelera de propósito e manobra para atingir ainda mais os transeuntes com a água das poças do asfalto.
Nessas horas, voltam os palavrões e a velha dúvida: será mesmo o ser humano uma empreitada destinada ao sucesso?