Blog do Mario Magalhaes

Com Neymar, seleção é favorita ao ouro olímpico. Mas lembrai-vos de 1996

Mário Magalhães

O garoto tem estilo, dentro e fora do campo – Foto Michael Buholzer/AFP

 

Tudo indica que Neymar, um dos três maiores craques do planeta (para mim, o segundo), disputará mesmo o torneio de futebol olímpico em agosto.

Seria uma tremenda bola fora o Barcelona impedi-lo de jogar a competição que ele quer jogar.

Com Neymar em campo e a torcida lotando os estádios, o Brasil é o favorito ao ouro.

Como se sabe, a única conquista importante do futebol que não temos é a da Olimpíada.

Nosso time deve, portanto, reunir força máxima em casa: a nata dos melhores jogadores até 23 anos, mais os três sem limite de idade, um deles Neymar.

Contrasta com a Argentina, que não trará Messi, que conduziu sua seleção ao topo em Pequim-2008.

O técnico Tata Martino pretende poupá-lo, como a outras estrelas, para as Eliminatórias da Copa de 2018, que continuam no segundo semestre.

A despeito do favoritismo, e de Argentina e Alemanha não contarem com suas elites futebolísticas, nada indica que será fácil.

No meio-campo brasileiro, Fred estará em busca de ritmo, depois do ano de suspensão por doping, a encerrar a semanas da estreia em Brasília, a 4 de agosto.

Rafinha, meia do Barcelona, está parado há meses, em recuperação de cirurgia.

Lucas Silva por enquanto não empolgou nem no Real Madrid, nem no Olympique de Marselha.

Sobre os adversários, sei pouco ou nada sobre vários, inclusive a Nigéria.

Os nigerianos nos ofereceram em 1996 uma lição que não deve ser ignorada vinte anos mais tarde.

Na Olimpíada de Atlanta, o Brasil não conheceu a sede dos Jogos.

A primeira fase foi em Miami, e a semi e a disputa do bronze, em Athens, no mesmo Estado, a Georgia, onde fica Atlanta.

Aqui, se liderar sua chave, na fase inicial, e superar as quartas, a seleção fará a semifinal no Maracanã, mesmo palco da decisão do ouro.

No papel, tínhamos um timaço nos Estados Unidos. No gramado, um time competitivo.

Contávamos com três veteranos da conquista do tetra, dois anos antes: Aldair, Bebeto e Ronaldo (Fenômeno).

Boleiros que participariam das campanhas do vice no Mundial de 1998 e do penta de 2002: Rivaldo, Roberto Carlos, Dida, Luizão e Juninho Paulista.

Além de jogadores bons ou muito bons, como Sávio, Zé Maria, Amaral, Narciso, Zé Elias e André Luís.

Como então ficamos com o bronze, e não o ouro?

Porque futebol não se decide no nome ou na camisa, embora esta pese.

Na estreia, a seleção perdeu do Japão por 1 a 0. Não me lembro de salto alto lá no Orange Bowl, mas é evidente que tal placar só foi possível devido à confiança excessiva da equipe de Zagallo.

A soberba foi deixada de lado, e alcançamos a semifinal contra a Nigéria.

Poderíamos ter vencido os africanos, vencíamos, mas sofremos a virada.

Nosso grupo era de alto nível.

O do adversário, com Kanu, Okocha e companhia, também.

Mas o elenco do Brasil, a história demonstra, era melhor.

Goleamos Portugal por 5 a 0 e saímos em terceiro.

Na finalíssima, a Nigéria bateu a Argentina por 3 a 2.

Trocando em miúdos, a seleção brasileira, com Neymar, é a favorita no Rio-2016.

Mas, se papel decidisse jogo, já teríamos a medalha olímpica de ouro, não somente a de 1996, que ainda nos falta.

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