Por sorte, Guarda Municipal do Rio não usa armas de fogo. Caso contrário…
Mário Magalhães
A estupidez humana não tem limites, dizia o jornalista João Saldanha.
Quando a estupidez humana gera estupidez institucional, pior ainda.
O primeiro domingo do ano, consagrado a um pré-Carnaval em ruas do Centro do Rio, terminou com foliões fugindo de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha.
Ao menos um músico foi ferido. Houve quem sentisse falta de ar. O pessoal que confraternizava em bar da Cinelândia correu assustado com a violência.
A Guarda Municipal acabou com a festa, por volta das oito da noite. Iniciada horas antes com o desfile de blocos, a diversão foi liquidada pela estupidez _humana e institucional.
Vídeos à disposição na internet confirmam a versão de testemunhas: a confusão começou com a repressão de guardas a vendedores ambulantes.
No costumeiro esculacho, derrubando no chão as garrafas carregadas no isopor de gente humilde.
Para que humilhar pessoas que seguramente preferiam estar brincando nos blocos a ralar duro no feriadão?
Foliões reagiram protestando, a esmagadora maioria com a voz, aos gritos de ''fascista''.
A Guarda alega que foi alvo de garrafas (há imagem de ao menos uma voando) e pedras.
Como ''resolveram'' um problema localizado, concernente a poucas pessoas?
Com um surto de truculência que pôs fim ao Carnaval de todo mundo.
Em linguagem bélica e de apitador de futebol, chama-se isso de ataque ou força desproporcional.
Seria como, para punir um jogador por falta grave, o árbitro expulsar o time inteiro.
Primeiro, barbarizaram com os ambulantes.
Em seguida, com quem se divertia.
Que treinamento recebem os integrantes da Guarda Municipal?
Se tratam foliões assim, imagina manifestantes, no ano que começou com aumento das passagens dos ônibus.
Por sorte, a Guarda não pode usar armas de fogo, assim entendidas as que disparam projéteis metálicos (ainda que balas de borracha possam matar e já tenham matado).
Já pensou o que os guardas não fariam com uma pistola na mão?