Dilma fecha primeiro ano do segundo mandato com 12% de aprovação. Um vexame
Mário Magalhães
Um fanático da objetividade pode analisar assim o novo Datafolha sobre a aprovação da presidente da República em seu segundo mandato: se em agosto somente 8% dos eleitores lhe davam notas ótimo e bom, e agora são 12%, a aprovação a Dilma Rousseff ''disparou'' 50%.
Poderia fazer outra conta otimista, sobre o índice de ruim e péssimo, que passou de 71% para 65%: a desaprovação ''despencou'' 8%.
Melhor deixar para lá a tortura dos números, dispensar miragens e reconhecer a vida com ela é.
Pouco mais de um ano depois de receber quase 55 milhões de votos, conquistando a reeleição, Dilma jogou fora boa parte do capital político que havia acumulado.
Há uma série de motivos para que isso tenha ocorrido, e a campanha do impeachment não é um dos menores.
Fosfosol: o movimento não começou depois de acusações relativas a pedaladas fiscais e dinheiro sujo para a campanha, tudo ainda a ser julgado.
Nos dias seguintes ao pleito de outubro de 2014, pipocaram denúncias de que as urnas eletrônicas haviam sido manipuladas.
E de que dezenas de milhares de haitianos haviam invadido o Brasil para votar na petista.
Logo, conforme os arautos dessas fantasias, a vitória da presidente teria sido ilegítima e ilegal.
Antes de 2014 terminar, iniciaram as manifestações pró-impeachment.
Não esqueço.
Assim como sei que é impossível não reconhecer na administração Dilma Reloaded a causa principal do seu isolamento e massiva reprovação.
Não faltam enganos para mencionar.
O mais importante, mais até que a notória incompetência de gestão, foi o abandono do programa de campanha.
A presidente prometeu que faria uma coisa e não fez.
Fez o que disse que não faria, impondo ou agravando uma recessão terrível, em que os pobres sofrem mais.
Dilma Rousseff não tem o que comemorar com o respiro do Datafolha.
Deveria entender que, sem mudar a política econômica aplicada por ela e Joaquim Levy, o breve, seu eleitorado continuará a se sentir traído.