Valente para cobrar cargos, Michel Temer cala no dia em que PF cerca PMDB
Mário Magalhães
Michel Temer é o presidente nacional do PMDB.
Nesta terça-feira, na operação Catilinárias, a Polícia Federal mirou o partido e muitos dos seus próceres.
Entre os alvos, sobressaíram sedes da agremiação, ministros, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, aliados do presidente do Senado, Renan Calheiros, e também do presidente do PMDB.
Este é vice-presidente da República candidatíssimo a assumir a Presidência sem se submeter às urnas.
É possível que nas próximas horas Temer se pronuncie sobre a nova etapa, inaugurada ontem, da Lava Jato.
Mas fica para a crônica desses tempos tormentosos o silêncio ruidoso _só na aparência contradição em termos_ no dia em que uma investigação relevante cutucou os calcanhares do partido que ele preside.
O silêncio pusilânime _sereno e sábio, dirão seus aduladores_ de Temer contrasta com os termos valentes com que cobrou de Dilma Rousseff, no manifesto-carta, cargos para apaniguados.
Queixou-se por se considerar um vice decorativo. Ontem, foi um presidente decorativo de partido.
Sabidamente, Temer não estava com amigdalite ou problema semelhante na garganta. Nem impedido de escrever novo manifesto. Basta observar o noticiário, com plantação latifundiária de informações sobre movimentos e interesses do vice.
O mesmo noticiário tratou, a considerar a discrição, como natural o silêncio de Temer.
O missivista Temer, correligionário de Eduardo Cunha, conspira para ocupar o Planalto sem receber um mísero voto popular.
Não deve ser cobrada sua palavra?
Qualquer hora Temer falará sobre o cerco ao PMDB.
Mas não apagará sua atitude no dia em que se esperava o pronunciamento do presidente do partido.
Assim agem os ''estadistas'' _com aspas, é evidente.