Blog do Mario Magalhaes

Ofensiva da Universal contra Paes e Pezão prepara campanha Crivella em 2016

Mário Magalhães

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Das numerosas dúvidas sobre a campanha para prefeito do Rio em 2016, ao menos uma vai se transformando em certeza: o senador Marcelo Crivella (PRB) pretende mesmo concorrer, depois de ter sido finalista derrotado na disputa pelo governo do Estado no ano passado. Com uma candidatura novamente competitiva, talvez com mais chances que nunca de triunfo inédito para o Executivo.

Quem escancara a pretensão de Crivella é a Igreja Universal do Reino de Deus, à qual o senador e ex-ministro da Pesca é vinculado. O semanário ''Folha Universal'' em circulação dedica 12 das 32 páginas a atacar os próceres estaduais do PMDB: o prefeito Eduardo Paes, o governador Luiz Fernando Pezão, o presidente da Assembleia, Jorge Picciani, e o ex-governador Sérgio Cabral.

A ''edição especial sobre o Rio de Janeiro'' é datada de 6 a 12 de dezembro, mas pelo menos na quinta-feira (dia 3) já era distribuída gratuitamente nas ruas da cidade. Está também no site da ''Folha Universal''. A tiragem nacional divulgada da versão impressa é de 2.443.500 exemplares.

A capa tem ''Comando do Rio'' como manchete, fotos dos quatro alvos e a chamada ''Negociatas, troca de favores, descaso com o dinheiro público e até violência contra mulheres. Como um grupo político no poder afundou o Rio de Janeiro em uma das piores crises de sua história''.

A contracapa trata do pré-candidato do PMDB à prefeitura, Pedro Paulo: ''Bater em mulher pode?''.

O jornal fala de Lava Jato, Sanguessugas, Delta, Carlinhos Cachoeira, negócios suspeitos _a crônica cabeluda do PMDB local. Critica a política de remoção de favelas implementada por Eduardo Paes.

Artigo do assessor de comunicação social da Universal, Renato Parente, menciona a série recente de reportagens da TV Record sobre mazelas do Rio, também bombardeando os dirigentes do PMDB: ''[…] A Rede Record nos apresenta a prova de que a degradação ética é uma epidemia que já chegou ao coração e à alma do Brasil: o Rio de Janeiro''. Arremata com a solução: ''Na próxima eleição, lembre-se: a urna será sempre o melhor e mais rápido detergente para limpar a sujeira que emporcalhou nossos governos''. A Record é controlada pelo bispo Edir Macedo, tio de Crivella e líder da Universal, igreja da qual o senador é bispo licenciado.

Salvo engano, Crivella não é citado nos textos sobre o Rio. Nem precisa. A ofensiva da Universal confirma: ele é candidatíssimo.

Cenário

A ofensiva constitui aposta arriscada. O senador sabe que a ligação com a Universal é o principal motivo da rejeição a ele, sobretudo nos bairros cariocas de classe média para cima. Em resposta às acusações de adversários, Crivella passou os últimos anos afirmando a inexistência de compromisso político com a igreja. A Universal é questão de fé, reitera.

Em 2014, Crivella surpreendeu ao ultrapassar Garotinho no fotochart e alcançar o mata-mata com Pezão. Ao se ver ameaçado pela aproximação do senador, a campanha do governador lançou mão do petardo que considerava, com base em pesquisas, o mais letal para Crivella: um antigo vídeo que mostra Edir Macedo ensinando bispos a arrecadar contribuição dos fiéis. A exibição congelou a ascensão do oposicionista, que ainda assim colheu consideráveis quase 3,5 milhões de votos, mais de 44% dos válidos.

Crivella encontrará o poderoso PMDB do Rio em condição mais frágil que no ano passado. A pindaíba nas finanças castiga o Estado e a capital.

Para piorar o cenário para o partido, Paes insiste em lançar à sucessão o secretário municipal que reconheceu ter agredido a ex-mulher. A candidatura de Pedro Paulo agoniza, enquanto cada vez mais correligionários conspiram por sua retirada.

Até o início do ano, previa-se que os quatro postulantes mais fortes em 2016 seriam Pedro Paulo (PMDB), os senadores Romário (PSB) e Crivella (PRB) e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL).

Hoje, Crivella e Freixo estão firmes. Pedro Paulo balança. E Romário virou incógnita, devido à suspeita de manter ou ter mantido conta secreta na Suíça.

Outros candidatos conhecidos podem se inscrever, como os deputados federais Clarissa Garotinho (PR) e Alessandro Molon (Rede).

O PT apoiará o nome do PMDB, seja Pedro Paulo ou outro. Idem o grosso do empresariado e dos meios de comunicação.

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