A solidão de Neymar
Mário Magalhães
Casagrande, comentarista que eu admiro, disse durante a transmissão da sexta-feira que Dunga acertara ao trocar Ricardo Oliveira por Douglas Costa no segundo tempo.
Muita gente boa concorda com ele, mas divirjo: o técnico da seleção cometeu foi erro, grave, ao deixar o atacante do Bayern de Munique no banco.
Não apenas pela fase fabulosa em seu clube _espantados com a ausência do gaúcho, argentinos festejaram nas redes sociais, ainda antes do jogo.
Mas por permitir que a defesa da casa, que se concentraria sobretudo em Neymar e Douglas Costa, fosse presenteada com a chance de focar somente num brasileiro.
Com a contusão de Ribery, Douglas tem jogado de ponta-esquerda no escrete de Guardiola. Na seleção, complica, pois esta é a posição de Neymar, como no Barcelona.
Se Neymar, destro, joga pela esquerda, Douglas, canhoto, bem que poderia ficar na direita do ataque.
Tostão havia sugerido Douglas pela esquerda e Neymar no centro dianteiro, como 9 ou, vá lá, falso 9. Foi mais ou menos isso o que ocorreu a partir da saída de Ricardo Oliveira.
Bastou o canhotinho entrar, participar de uma jogada, e o Brasil empatou com Lucas Lima, fechando o placar em 1 a 1.
A equipe melhorou na segunda etapa, mesmo sem brilhar. Falta armação, maldição que tem maltratado o futebol nacional.
Em muitos momentos, Neymar foi marcado, bafo no cangote, por três oponentes. Fica difícil. Se Douglas estivesse em campo, não teriam como destacar tanta gente para grudar em Neymar, pois temeriam dar liberdade ao craque que arrebenta na Bundesliga.
Neymar ficou solitário, contra um paredão. Idem Ricardo Oliveira, feito Fred na Copa, vendo a bola de longe.
Com a substituição, Dunga não acertou. Amenizou o equívoco de presentear a Argentina com Douglas na reserva.
Outra opção infeliz é a insistência com David Luiz, cujo cartão vermelho significa reforço amanhã contra o Peru.
O treinador não gosta de Thiago Silva, meu preferido? Tudo bem. Contudo, a manutenção do zagueiro aloprado dos 7 a 1 eterniza um perigo dispensável.
Empatar em Buenos Aires não foi mau resultado. Mas a seleção poderia ter vencido, se desde o início contasse com Douglas no lugar de Ricardo ou Willian.
Pegar os argentinos sem Messi não é todo dia. Sorte que lá está Tata Martino, o pior técnico do mundo (Dunga é melhor do que ele).
Para o Brasil evoluir, Neymar, um dos três melhores do planeta, não pode ficar só.
Parece que Douglas sairá jogando em Salvador. Tomara.