Blog do Mario Magalhaes

Até Delfim Netto, signatário do AI-5, condena tapetão e ‘golpezinho’

Mário Magalhães

O economista e colunista da Folha Delfim Netto no Festival Piauí Globonews de Jornalismo

O ex-ministro Delfim Netto, no sábado – Foto Tuca Vieira/Divulgação

 

Ministro da Fazenda em 1968, e nessa condição membro do Conselho de Segurança Nacional, o economista Delfim Netto foi um dos signatários do AI-5. Imposto em 13 de dezembro daquele ano, o ato institucional restringiu ainda mais as liberdades e incrementou a repressão a opositores da ditadura em vigor. Foi interpretado como um golpe dentro do golpe (o inaugural ocorrera em 1964).

Delfim assinou decisões como as que cassaram os direitos políticos de numerosos parlamentares sufragados pelo povo e outros cidadãos que se manifestaram contra o governo. Era um dos próceres do regime em anos de expansão de tortura, morte e desaparecimento de corpos.

Uma trajetória de liberticida, e não de democrata.

Pois até Delfim Netto se pronunciou, no sábado, em defesa da soberania do voto popular, portanto contra o que chamou de ''tapetão'' e ''golpezinho'' contra Dilma Rousseff.

Para o economista, crítico do governo Dilma, uma coisa é o desempenho da presidente, outra a legitimidade e legalidade do mandato conferido há um ano: ''O respeito à Constituição tem valor para o futuro muito maior do que qualquer golpezinho agora'', disse Delfim, no Festival Piauí Globonews de Jornalismo (leia aqui).

Também sou crítico do governo. Mas por motivos diferentes dos de Delfim. Enquanto ele se preocupa com ''empresários assustados'', acho muito mais grave o susto dos brasileiros mais pobres com o rebaixamento de suas condições de vida. Concordo, porém, sobre o ''tapetão''.

Em suma, até o Delfim condena o impeachment.

Quem é a favor está, fato é fato, à direita de Delfim Netto _e junto com Jair Bolsonaro.

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