Blog do Mario Magalhaes

Galo 4 a 1: Flamengo tropeça nas limitações do elenco

Mário Magalhães

Oswaldo de Oliveira grita com os jogadores em treino do Flamengo no Ninho do Urubu

Oswaldo terá de gritar ainda mais – Foto Gilvan de Souza/Flamengo

 

O Galo tem mais elenco e mais time do que o Flamengo. Mereceu a vitória ontem por 4 a 1. O placar foi justo? Por que existiria injustiça se uma equipe foi muito mais eficiente do que a outra?

Time e elenco não são sinônimos. Às vezes, um elenco dá liga e resulta num time melhor do que o padrão médio dos jogadores. Em contraste, há casos em que os jogadores são individualmente superiores ao time fraquinho que formam (tipo ''melhor ataque do mundo'' rubro-negro no século passado).

Para quem não viu o jogo: a goleada não dá ideia de como o Flamengo entrou arrumadinho e competitivo. Fez um bom primeiro tempo, do qual saiu perdendo por 2 a 1. Dançou em virtude de falhas individuais, que prosseguiram depois do intervalo.

Antes da chegada do Oswaldo de Oliveira, o Flamengo tinha um elenco melhor do que o time. Passou a ter um time melhor do que o elenco. Ontem, prevaleceu a velha ordem.

O desafio, para avançar no sonho de uma vaga na Libertadores, é superar as limitações do elenco.

No domingo em Minas, vacilos pontuais determinaram o revés _em combinação com os méritos do Atlético.

Ainda com zero a zero, o Alan Patrick desperdiçou um pênalti, defendido com facilidade pelo Victor, que não precisou nem espalmar _acontece; ontem o Messi chutou um penal longe, após ter convertido outro.

O primeiro gol foi uma cabeçada inacreditável do Marcelo, gol contra, golaço, do zagueiro rubro-negro.

O Flamengo empatou com o Paulinho, mas em seguida o Jemerson anotou o segundo tento atleticano, ganhando do Samir na bola aérea.

O Jemerson fez o terceiro, também de cabeça, superando os defensores _quem estava no mano a mano era o Samir.

No quarto, o Dátolo colocou a bola no meio das pernas do Pará e chutou muito bem.

O Flamengo venceu as seis primeiras partidas sob o comando do Oswaldo, no Campeonato Brasileiro, mostrando progresso do sistema defensivo em bola aérea. Com o novo treinador, passou a marcar homem a homem. Cada jogador é encarregado de marcar um adversário específico.

O bicho pega quando há notória deficiência de alguém. Fica mais grave quando se trata de zagueiro, que deveria ser especialista. Pois o Samir errou duas vezes. Já demonstrara fragilidade diante do Cruzeiro, quando o Paulo André levou a melhor pelo alto.

O Samir, continuo achando, tem enorme potencial. Mas precisa ser treinado. Contra o Palmeiras, o Flamengo levou dois gols em jogadas em que o atacante-pivô do time paulista, de costas, pôde passar tranquilamente a pelota. Quem o marcava era o Samir.

Ontem o jovem zagueiro cometeu um erro pueril no quarto gol. A postura do Samir não foi decisiva, mas é impressionante como um atleta profissional, titular do Flamengo, possa proceder assim, sem ser devidamente ajudado: quando o Dátolo foi chutar, o Samir, que se aproximava para cobrir o Pará (o lateral havia sido driblado; faz parte), virou-se de costas, abaixando-se. Ora, zagueiro não fica de costas, mas de frente! De pé, diminui o espaço para a bola passar. De frente, é mais difícil ser driblado, se o atacante resolver não chutar.

Em matéria de fundamentos, do abc da bola, há comportamento pior. Ver jogo pela TV prejudica a visão da arrumação tática, porém facilita a avaliação do desempenho individual. O que as imagens revelaram ontem, de modo assombroso, é que o Marcelo cabeceia de olhos fechados! Qualquer escolinha de futebol que honre tal condição ensina aos moleques que se cabeceia de olhos bem abertos.

O Oswaldo vem fazendo ótimo trabalho. Como culpá-lo, se ele manda, em cobrança de falta pelo oponente, os jogadores ficarem mais longe do Paulo Victor, mas o pessoal sente a pressão e recua para a pequena área?

Para conquistar um lugar na Libertadores, o time terá de ser, ao contrário de ontem, melhor do que é o elenco.

E em 2016, disputando o título continental ou não, será preciso contratar com mais ambição.

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