Alguém deixou de receber córneas porque fone para transplantes não atendeu
Mário Magalhães
Marcos Marcelino Cahu, 32, sabia o que queria que fizessem com seus órgãos, quando chegasse ao fim do caminho: que os doassem, para salvar e melhorar a vida de quem ficou.
No sábado, quando Marcos morreu no Rio, deu-se o fim da picada: o hospital buscou contato com a Central Estadual de Transplantes para a doação de tecidos e córneas _outros órgãos foram descartados, porque não houve morte encefálica, mas por parada cardíaca. A doação de córneas pode ocorrer pelo menos até seis horas depois da parada cardíaca (saiba mais aqui).
A família informou o Hospital Estadual Getulio Vargas sobre a condição de Marcos como doador.
O hospital contou à família que ligou para o Disque Transplante, 155, mas ninguém atendeu. Era o sábado do feriadão.
A Secretaria Estadual de Saúde declarou que o telefone ficou 12 horas fora do ar por problemas técnicos. Mas que havia outros números para a equipe ser contatada.
A Oi sustenta não ter havido interrupção do serviço telefônico.
Nesse jogo de empurra, pessoas deixaram de ser beneficiadas pela opção generosa de Marcos.
Alguém deixou de ter a chance de enxergar.
É mesmo o fim da picada.
Como foi a morte de Marcos, alvejado por uma mal denominada ''bala perdida'', disparada em alegado tiroteio entre policiais militares e bandidos na zona norte. Ele não morreu; foi morto. Marcos trabalhava num estaleiro.
Para saber mais sobre as duas barbaridades _a morte de Marcos e a impossibilidade de honrar sua vontade de doador_, basta clicar aqui, na reportagem do Marco Grillo.
Ou neste link, da matéria da Tatiana Nascimento.