Blog do Mario Magalhaes

Dilma, FHC, Bicudo, Luxa e Ronaldinho: o presente não apaga o passado

Mário Magalhães

O segundo mandato de Dilma Rousseff se caracteriza sobretudo pela política econômica que, na campanha da reeleição, a presidente disse que rejeitaria. Estão aí aumento do desemprego, desempregados com menos direitos, idem pescadores, juros mais camaradas para os ricos e mais sádicos para os pobres, cortes orçamentários na saúde e na educação, bibliotecas de escolas públicas à espera de livros. O neoliberalismo condenado no palanque dá as cartas. Retrocesso em conquistas e benefícios sociais.

Isso não apaga a trajetória de Dilma Rousseff, que dedicou boa parte da vida a combater pelos mais fracos, concorde-se ou não com as ideias que ela abraçou e os métodos que escolheu. Também não elimina dos anais seu primeiro governo. A despeito de erros e insucessos, de 2011 a 2014 houve êxitos como levar médicos a milhões de brasileiros desassistidos e manter o desemprego em níveis mais baixos.

Fernando Henrique Cardoso sugeriu a renúncia de Dilma e depois disse que não era bem assim, que havia sido mal interpretado e coisa e tal. Em meio à crise política, com um ruidoso coro golpista se esgoelando, o ex-presidente propôs que a governante eleita pela maioria dos cidadãos não honrasse, ao menos cumprindo o mandato legítimo e legal, os votos recebidos. No embate acerca da soberania do sufrágio popular, FHC endossou uma das alternativas dos movimentos que buscam apear a eleita em outubro.

Isso não retira do retrato o sociólogo Fernando Henrique Cardoso defendendo em 1964 a ordem constitucional, contrário à deposição do presidente João Goulart no golpe de Estado que instituiu a ditadura. Nem a evidência de que FHC pelejou dignamente pelo regresso da democracia.

Hélio Bicudo associou-se à aventura do impeachment de Dilma. O fato de o impeachment estar contemplado na Constituição não o torna constitucional em qualquer cenário. Se inexistem os requisitos para o afastamento _como inexistem_, o impeachment configura medida antidemocrática e encarna o golpismo.

Nada eliminará da memória o destemido promotor Hélio Bicudo, batalhando pela democracia quando muita gente nem estava aí ou fingia que não era consigo. Enfrentou os matadores do esquadrão da morte e se consagrou, nos anos sinistros da ditadura, como herói da luta pelos direitos humanos. Cabra corajoso e generoso, orgulho do Brasil.

Vanderlei Luxemburgo acaba de ser demitido do Cruzeiro. No atual Campeonato Brasileiro, já havia dançado do Flamengo. Há anos não emplaca um trabalho admirável.

Mas o futebol não esquece os timaços que o técnico montou no passado, destacadamente no Palmeiras. Os motivos que o levaram à decadência devem ser objeto de reflexão, em especial por ele próprio. Seus feitos permanecem para sempre.

Ronaldinho Gaúcho foi vaiado pela torcida do Fluminense, em mais um momento ruim da carreira que despenca feito tobogã.

Meninos, eu vi o Ronaldinho nascendo, no Grêmio, e no auge, no Barcelona. Foi um dos jogadores mais espetaculares a que assisti. Pena que seu ápice não tenha durado muito. Mais pena ainda que prefira se arrastar em campo a se despedir sem maiores vexames.

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