Nos 75 anos da morte de Trótski, o tributo da história em poema de Leminski
Mário Magalhães
Há 75 anos, no sombrio 21 de agosto de 1940, o revolucionário russo León Trótski morria no México. Na véspera, um agente stalinista o golpeara com uma picareta, na casa onde o antigo comandante-em-chefe do Exército Vermelho vivia em Coyoacán. Um dos personagens mais fascinantes e trágicos do século XX, Trótski inspirou o poeta brasileiro Paulo Leminski, também seu biógrafo. O poema ''O velho León e Natalia em Coyoacán'', mais tarde musicado pelo Vitor Ramil, evoca também Natalia Sedova, companheira e camarada do homem que nunca se entregou.
O velho León e Natalia em Coyoacán
Por Paulo Leminski
desta vez não vai ter neve como em petrogrado aquele dia
o céu vai estar limpo e o sol brilhando
você dormindo e eu sonhando
nem casacos nem cossacos como em petrogrado aquele dia
apenas você nua e eu como nasci
eu dormindo e você sonhando
não vai mais ter multidões gritando como em petrogrado aquele dia
silêncio nós dois murmúrios azuis
eu e você dormindo e sonhando
nunca mais vai ter um dia como em petrogrado aquele dia
nada como um dia indo atrás de outro vindo
você e eu sonhando e dormindo