Blog do Mario Magalhaes

O que é mais notícia: editorial do ‘New York Times’ ou da ‘Economist’?

Mário Magalhães

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Editorial do New York Times, agosto de 2015

Editorial do ''New York Times'', agosto de 2015

 

Capa da revista "The Economist", setembro de 2013

Capa da revista ''The Economist'', setembro de 2013

 

Tivesse eu vocação para investigação acadêmica, talvez me empenhasse na quantificação e análise científicas do espaço concedido pelo jornalismo brasileiro a dois pronunciamentos sobre o país por parte de publicações estrangeiras: um editorial de ontem do jornal ''The New York Times'' e um editorial-reportagem da revista ''The Economist'' de setembro de 2013.

O jornal dos Estados Unidos manifestou-se, reivindicando a defesa das instituições democráticas, francamente contrário ao afastamento extemporâneo da presidente Dilma Rousseff (para ler a tradução na íntegra, basta clicar aqui).

O hebdomadário do Reino Unido estampou na capa a estátua do Cristo Redentor despencando de cabeça para baixo, criticou ruidosamente o rumo da economia do Brasil e também o governo Dilma (para saber mais, eis o link).

Alguns pitacos:

1) sempre me pareceu provincianismo masoquista a postura reverente do jornalismo nacional frente à cobertura do país pela imprensa do exterior. É notícia, sim. Mas a impressão alheia é encarada como se fosse a revelação da verdade, por sábios, a parvos daqui;

2) a edição da ''Economist'' foi anunciada pelo jornalismo brasileiro em altos brados, comparando-a a uma capa de 2009 em que o Cristo decolava;

3) o editorial do ''New York Times'' não mereceu tratamento semelhante. Poucos lhe conferiram destaque à altura do de 2013, e houve até quem o ignorasse. Lembro de locutores na TV divulgando com pompa e circunstância a ''Economist'', em contraste com o silêncio sobre o jornal;

4) não interessa ou é secundário o juízo de cada um sobre os temas abordados. O essencial é a constatação de como fatos com importância equivalente (é o que eu acho) podem ser trombeteados como uma bomba ou abafados feito estalinho;

5) portanto, minha resposta à pergunta do título é: as duas notícias têm mais ou menos a mesma importância jornalística. Ou deveriam ter;

6) é curioso como a opinião de muitas pessoas sobre o ''New York Times'' e a ''Economist'', publicações de alta qualidade, variam de acordo com o editorial do momento. Quando falam o que os leitores querem, são bestiais. Quando não, são bestas, como diria o saudoso Otto Glória.

No mais, repetia o Millôr Fernandes, livre-pensar é só pensar.

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