Blog do Mario Magalhaes

Trama criminal insossa prejudicou segunda temporada de ‘True Detective’

Mário Magalhães

Rachel McAdams True Detective

Rachel McAdams, como a policial Ani Bezzerides, em ''True Detective'' – Foto divulgação

 

Depois de dois episódios iniciais muito bons e da queda frustrante de padrão nos capítulos intermediários, a segunda temporada de ''True Detective'' terminou ontem em alto nível. O oitavo episódio, mais longo, foi o melhor, redondinho, roteiro para ser estudado em cursos de cinema e TV.

Como anotado aqui semanas atrás, a maior dificuldade da série HBO em 2015 foi a comparação com a obra-prima exibida na estreia do ano passado. A segunda versão do trabalho de Nic Pizzolatto foi digna, acima da média do que se vê na TV, mas já não pareceu coisa de outro mundo, outra estética, outra ambição artística. A despeito da ousadia do desfecho que aqui não será contado.

Muito já se falou sobre mudanças mal sucedidas, com cenário e personagens novos. De dois protagonistas brilhantemente construídos pelo autor e genialmente interpretados por Matthew McConaughey e Woody Harrelson, agora houve quatro (três tiras, vividos por Rachel McAdams, Colin Farrell e Taylor Kitsch, mais o gangster na pele de Vince Vaughn). Nenhum com o encanto da antiga dupla de policiais. Sequências de ação foram mal filmadas, embora tenha sido admirável a do tiroteio no final do sétimo episódio. No derradeiro, capricharam no calvário do ser agonizante no deserto, confrontado por seus fantasmas.

Minha impressão é que o determinante para ''True Detective'' desta vez não bombar foi o argumento criminal insosso. A série tem uma pegada noir, escrutina as almas sombrias, ou seus recantos mais escuros, dos protagonistas. Antes, a busca de quase duas décadas por um serial killer serviu a tal propósito. Agora, a história se desenvolveu em torno do assassinato de um figurão. Quase não teve graça, foi confusa, incompreensível em algumas passagens e pouco contribuiu para retratar luzes e trevas do quarteto principal.

É um engano achar que romances e filmes policiais, mesmo quando concentrados nos detetives, e não na investigação criminal, prescindem de um bom caso. O caso pode até não ser a bala que matou o Kennedy, mas tem de ser cativante _e útil_ ao menos como escada para a(s) grande(s) história(s) do(s) protagonista(s).

A história do crime foi fraquinha e tediosa na segunda temporada de ''True Detective'', que do assombro inaugural se transformou em uma série a mais.

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