Brincando com fogo: na TV, Dilma reafirma política que levou ao isolamento
Mário Magalhães
Um dos motivos determinantes para o isolamento da presidente da República é a política econômica do segundo mandato, que impõe regressão em conquistas dos mais pobres e os sacrifica em nome da crise.
A pimenta que mais arde, decisiva para a imensa reprovação popular, é o contraste entre as ações de Dilma Reloaded e as promessas de campanha, como observou o ex-presidente Lula em encontro com líderes de movimentos sociais vinculados à Igreja.
No Planalto, na cúpula do PT e no círculo mais íntimo de Lula, não duvidam que os míseros 8% de aprovação da presidente apontados pelo Datafolha correspondam à realidade. Há divergências sobre os caminhos para dar a volta por cima e mesmo sobre a possibilidade de superar o volume morto.
No cenário de crise política e econômica, a presidente reafirmou no programa televisivo do PT a mesma orientação definida por ela e aplicada com prazer sádico por Joaquim Levy. Mais ''ajuste'', sufoco que os petistas chamavam de ''arrocho'' quando eram oposição.
Diante da ameaça de opositores dispostos a rasgar a Constituição, Dilma e seus partidários ofereceram mais da mesma receita que levou a vitoriosa de outubro a não ser aplaudida hoje nem por dez em cada cem brasileiros.
Além de não honrar o programa que apresentou aos cidadãos, a presidente parece empenhada em um suicídio político.
Brinca com fogo e não aparenta sentir o calor das labaredas.
Dificilmente ela sairá das cordas se não recuperar o apoio da base social que a reelegeu. Com mais ''ajuste'', isso não ocorrerá.